Folha de S. Paulo


Sem cinto, sem segurança

O Range Rover Sport tem sensores que monitoram a inclinação da carroceria em curvas e ajudam a recolocar o carro na trajetória. Eles atuam em conjunto com os controles eletrônicos de tração e de estabilidade.

Há também airbags por todos os lados, sete no total, além de freios capazes de se adequar ao tipo de terreno. Um arsenal em prol da segurança, que será tão útil quanto um chaveiro se, em caso de acidente, os ocupantes estiverem sem cintos de segurança.

Era em um modelo assim, avaliado em cerca de R$ 400 mil, que estavam o cantor Cristiano Araújo, 29, e sua namorada, Allana Moraes, 19.

Os fatores que levaram à colisão fatal podem ser muitos, incluindo aí um jogo de rodas comprado como acessório, fora das especificações da Land Rover. Entretanto, após o luto e os laudos, é preciso vir um período de reflexão.

A sensação de acolhimento passada por um carro é enganadora. Os confortos e o silêncio da cabine climatizada fazem-nos pensar que nenhum mal haverá dentro dessa cápsula. Tal percepção é ampliada quando se viaja no banco traseiro. Não raro, os passageiros dali ignoram os cintos de segurança.

E se houver um acidente? A física se sobrepõe, e corpos soltos deslocam-se como bonecos naquele pequeno espaço delimitado por aço, vidro, plástico e tecido. Quem está atrás pode esmagar os passageiros da frente, ou voar pela janela.

Segundo relatos públicos de pessoas próximas ao casal, Cristiano e Allana não usavam cintos quando estavam no assento traseiro.

Não há estatísticas sobre o tema, mas é fácil perceber que viajar completamente solto no banco de trás é um perigoso hábito nacional, seja em carros particulares ou táxis.

Surge então a urgência por campanhas que motivem os brasileiros a entender o quão frágeis são dentro de seus automóveis. Se os cintos dianteiros são regra, é preciso estender essa percepção a quem está na segunda fila.


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