Folha de S. Paulo


Completo, mas nem tanto

Antigas convenções do setor automotivo chamavam de "completo" um carro equipado com ar-condicionado, direção com assistência hidráulica e acionamento elétrico dos vidros e das travas das portas. Era o pacote de sonho dos brasileiros, comum em carros médios e raríssimo em compactos até meados dos anos 1990.

Repare que nenhum desses itens têm relação direta com a segurança do automóvel, mas todos ajudam a reduzir riscos. Itens de conforto tornam o ato de dirigir menos desgastante no pesado trânsito urbano.

Atualmente, a maior parte dos automóveis nacionais vendidos no varejo traz o kit básico para ser considerado "completão", além dos obrigatórios freios com ABS e airbags frontais. Mas ainda há muitos pontos a se melhorar no quesito proteção ao usuário.

Pensou em controles de estabilidade ou sensores capazes de parar o carro sem a intervenção do motorista? Seria ótimo tê-los em nossos populares, mas, antes disso, gostaria de ver itens bem menos glamorosos em todos os modelos nacionais.

Muitos dos compactos comercializados hoje no Brasil não trazem simples regulagens de altura e de profundidade da coluna de direção. Sem eles, é quase impossível achar uma posição plenamente satisfatória ao volante.

Se as pernas estão em boa posição, é provável que os braços do estejam esticados demais.

Essa é a razão de muitos proprietários sentirem desconforto após pouco tempo dirigindo, embora seus carros sejam considerados completos pelo mercado. E pior: os veículos tornam-se menos seguros.

A posição incorreta ao volante influi no tempo de reação do motorista e dificulta manobras que poderiam evitar uma batida.

Se você considera seu carro completo apesar de o volante não permitir nenhum tipo de regulagem, reveja seus conceitos.

A mudança de percepção dos clientes é o que faz as montadoras mexerem em seus projetos.


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