Folha de S. Paulo


A queda dos populares

Desde o início dos anos 2000, a participação nas vendas dos carros 1.0 vem diminuindo gradativamente. Os modelos populares -que na década passada chegaram a representar 74% do mercado nacional- começaram a perder espaço.

Em 2011, a participação dos "mil" já havia caído para 46%. No ano passado, chegou a 31,2%.

Esses dados ajudam a entender o que acontece no mercado brasileiro neste momento.

Nos recentes tempos de bonança, houve forte migração de clientes entre o segmento de entrada e os nichos superiores. Havia a possibilidade de trocar o carro "mil" por um modelo de motor maior gastando um pouco mais com a prestação. As montadoras acompanharam o interesse do cliente e adaptaram o mix de produção.

Com o encolhimento do crédito e os receios atuais dos consumidores, as vendas começaram a cair. Os mais sensíveis são exatamente aqueles que têm o objetivo de comprar carros novos populares, de menor preço por força dos incentivos tributários.

Portanto, onde antes havia migração, agora há estagnação. Mesmo os 1.0 que lideram o ranking de vendas (Fiat Palio Fire, por exemplo) não alcançam os mesmos volumes de alguns anos atrás.

Como a produção de automóveis no Brasil concentra-se no setor de compactos, é preciso paralisar fábricas inteiras à espera da redução de estoques.

Mas ainda ocorre migração: muitos clientes estão trocando seus carros compactos (acima de 1.0) e médios pelos novos utilitários, que vão bem no mercado.

Honda HR-V e Jeep Renegade são os melhores exemplos. As lojas têm filas de clientes nos fins de semana apenas para fazer o test drive .

Quando a crise passar, veremos que o setor automotivo no Brasil estará bem diferente. Os SUVs terão participação bem mais relevante, e a fatia dos populares deverá cair para menos de 25%.


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