Folha de S. Paulo


Nossos velhos caminhões

Compare um carro de passeio produzido no início dos anos 1980 com um veículo moderno do mesmo segmento. Um VW Brasília com um Golf, por exemplo.

A defasagem entre um caminhão velho e um novo é basicamente a mesma, e isso ajuda a entender a necessidade de renovar a frota nacional de pesados.

Todas as estatísticas sobre acidentes envolvendo veículos de carga no Brasil mostram números superiores a 3 mil motoristas mortos por ano e mais de R$ 10 bilhões de prejuízo com a perda do automóvel e da carga no mesmo período.

As causas são várias e conhecidas; a má conservação das estradas, as jornadas de trabalho extenuantes e a imprudência figuram entre as principais.

Contudo, o péssimo estado de milhares de veículos pesados que cruzam o país permeia grande parte dos acidentes graves.

Programas de renovação de frota estão em pauta desde os anos 1990, mas nada de concreto foi implementado.

Um estudo apresentado no fim de 2013 pela Anfavea (associação nacional das montadoras) mostrou que cerca de 200 mil caminhoneiros dirigiam veículos com mais de 30 anos de produção.

Esses modelos representam 7% da frota de pesados, mas respondem por 25% dos acidentes graves.

São automóveis que, além do desgaste mecânico, poluem 20 vezes mais que os novos.

A acentuada queda na venda de veículos pesados neste início de ano fez as entidades do setor voltarem a falar sobre o tema -a renovação da frota ajudaria a reduzir os estoques. A proposta está na mesa do governo há mais de um ano.

Segundo a Fenabrave (federação nacional das distribuidoras de veículos), a primeira etapa de um programa de reciclagem de antigos conciliada ao financiamento de caminhões novos -ou com até 10 anos de uso- custaria R$ 150 milhões.

Diante das mortes e dos prejuízos nas estradas, é uma pechincha.


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