Folha de S. Paulo


O fim do otimismo

Associações que representam empresas de grande porte têm como característica os discursos otimistas mesmo quando as coisas não vão bem. É a forma de manter o moral elevado, mostrando confiança no que virá pela frente e fazendo boa política de relacionamento com os governos.

O problema é que a realidade insiste em tomar à frente de tudo, impondo seus caprichos.

A Anfavea (associação nacional das fabricantes de automóveis) manteve o tom esperançoso até a primeira divulgação de resultados do ano, referentes a janeiro. Porém, ao revelar os dados igualmente ruins de fevereiro, a entidade teve de reconhecer que as dificuldades em vendas e produção estão ficando mais graves a cada dia.

Outra que está mudando o tom é a Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores).

Após adotar discurso que manifestava apoio às medidas de incentivo à produção local ao mesmo tempo em que sonhava com uma folga no atual sistema de cotas de importação, a entidade começa a temer pelo futuro de suas operações no Brasil. E tem motivos para tanto: as vendas das associadas encolheram 27,1% no primeiro bimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2014.

A questão é que todas as empresas do setor começam a ficar sem alternativa para reduzir estoques e voltar a produzir. Sem a força das vendas diretas registradas no fim de 2014, os emplacamentos desceram a ladeira no primeiro bimestre.

As marcas que empurraram seus encalhes para frotistas não têm mais o que fazer além de ansiar pela volta dos clientes no varejo.

Timidamente, as associações começam a bater à porta do governo em busca de ajuda.

Contudo, não será fácil obter auxílio neste momento conturbado. As novas equipes ministeriais têm muito a resolver antes de colocar a mão na graxa do setor automotivo.


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