Folha de S. Paulo


A força natural da novidade

Salvo um enorme esforço de vendas nos últimos dias de fevereiro, o mês irá fechar com menos de 200 mil automóveis novos licenciados, algo que não acontece no Brasil desde fevereiro de 2009. Porém, enquanto as vendas desaceleram, as montadoras continuam a lançar mais e mais produtos.

Até o início de abril, dois ou três carros inéditos chegarão por semana às concessionárias.

Não serão apenas importados de alto preço e vendas tímidas, como o recém-lançado BMW M3, mas também veículos com potencial para ultrapassar a casa de 5.000 unidades emplacadas por mês.

Honda HR-V, Peugeot 2008 e Jeep Renegade estão entre os candidatos a best-seller. Quando seus projetos começaram a ganhar forma, o ambiente era outro.

Um automóvel não nasce da noite para o dia, mesmo quando as mudanças resumem-se a detalhes visuais. Todos os que estreiam em breve já estavam em desenvolvimento antes de as vendas começarem a cair. Foram criados na bonança e serão lançados na crise.

Entretanto, apresentar um novo produto em tempos bicudos não é mau negócio para as fabricantes. Se bem aceita, a novidade atrairá compradores, que andam desconfiados.

Há casos recentes, como as novas gerações do Ford Ka, do Toyota Corolla e do Honda City. Apesar de lançados em tempos de recessão, tais modelos seguem vendendo bem enquanto muitos concorrentes penam para deixar o estoque.

Como são bastante procurados pelo público, é raro encontrar algum com preço abaixo do sugerido na tabela do fabricante.

São lançamentos como esses que fazem a indústria manter esperanças sobre o segundo semestre, além de confiar na retomada do crescimento a partir de 2016.

O mercado automotivo já viveu momentos assim em outras épocas (no fim da década de 1990, por exemplo) e foi ajudado pela força natural da novidade.


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