Folha de S. Paulo


IPI, o retorno

A alta iminente do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), prevista para janeiro, será o argumento mais usado neste fim de ano para impulsionar as vendas de automóveis. Porém, no momento atual, esse tributo atrapalha mais a rotina das fabricantes do que a vida de seus clientes.

Com dois anos consecutivos de queda nos licenciamentos e elevação dos estoques, as marcas têm de segurar os preços para não perder participação no mercado. Para piorar, a chegada de novos concorrentes acirrou a disputa por consumidores. Esse efeito pode ser visto nas últimas variações de valores.

Em junho de 2012, o preço de um Fiat Uno Vivace começava em R$ 24.260. Naquela época, o IPI sobre os automóveis populares havia sido reduzido de 7% para zero.

Hoje, com o tributo fixado em 3% para os 1.0, o mesmo compacto da Fiat tem valor inicial de R$ 26.760 em São Paulo. Se compararmos a quantia praticada há 29 meses com a tabela mais recente, veremos que o modelo está 10,3% mais caro. No mesmo período, a inflação calculada pelo IPCA ficou em 15,2%.

Isso mostra que, apesar do aumento do imposto, o preço da versão mais simples da família Uno subiu menos do que a inflação nesses quase dois anos e meio. Há também a diferença entre o preço sugerido e o praticado, que está favorável a quem quer comprar.

Podemos repetir esse cálculo com outros carros nacionais, e veremos que o resultado não será muito diferente na maior parte dos casos.

Há outro fator importante: com estoques volumosos, as montadoras precisam oferecer campanhas com descontos sobre os preços sugeridos ou juros reduzidos para colocar seus carros novos nas ruas.

Ao comprador, cabe ter disposição para garimpar boas ofertas e comparar preços em diversas lojas. Às montadoras, resta apertar o cinto, sacrificar a rentabilidade e torcer para que 2016 chegue logo, pois 2015 também não será fácil.


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