Folha de S. Paulo


O prefeito e o executivo

Separados por algumas poucas cadeiras, o prefeito Fernando Haddad e o presidente da Anfavea, Luiz Moan, esperavam o instante de discursarem na abertura do Salão do Automóvel de São Paulo.

Defenderiam posições antagônicas? Trocariam alfinetadas em praça pública? Claro que não. Ambos sabem que, em suas posições, precisam fazer parte da solução, não do problema.

Haddad defende uma cidade com mais opções de mobilidade, e há muito a fazer. Centenas de motoristas ainda irão reclamar de corredores e ciclofaixas, mas as etapas iniciais são sempre difíceis e, por vezes, açodadas.

É um processo doloroso, e faz-se necessário olhar para além do para-choque, imaginar uma capital mais fluida e inteligente.

Enquanto representante da associação das montadoras, Moan afirma que há muito espaço para a indústria automotiva crescer no país, por mais que pareça o contrário diante dos olhos de quem mora nas metrópoles. Está certo. O Brasil é mais extenso que a marginal Tietê, há outras ruas a serem percorridas.

Esses discursos se encontraram no Pavilhão do Anhembi, entre protestos do Greenpeace e o calor de sempre. Sem rusgas, como cabe aos homens cordatos.

Haddad lembrou o quanto o salão faz bem aos cofres da cidade, pois movimenta cerca de R$ 450 milhões. Falou ainda que não é contra a expansão da indústria nem o aumento da venda de carros, mas que deseja incentivar seu uso racional.

Moan foi prático, citou números e falou que a Anfavea participa das discussões sobre como melhorar o transporte público. Afinal, a entidade também representa as fabricantes de ônibus.

Após aquelas breves palavras, conclui-se que os planos do prefeito e os anseios do executivo têm mais pontos de atração do que de repulsa. Uma cidade que não se move estimula o ódio ao carro, que não ajuda em nada nas vendas.


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