Folha de S. Paulo


De carona no táxi híbrido

Após 10 meses na praça, o Toyota do taxista Nelson Moreira, 46, está prestes a chegar à revisão de 70 mil quilômetros. Seria um fato corriqueiro, mas um detalhe muda a história: o carro em questão é híbrido, movido a gasolina e a eletricidade.

Conheci Nelson há duas semanas, quando solicitei uma corrida pelo telefone. Ao ver o Prius chegando, imaginei que a prosa seria boa. Já havia dirigido esse modelo em diversas ocasiões, mas foi a primeira vez que andei no banco do carona, e em um veículo cujo uso é bem mais intenso que o dos automóveis cedidos pelas fabricantes.

O taxista pagou R$ 120 mil pelo carro –por não se enquadrar nas regras para redução de tributos, o jeito foi desembolsar o preço cheio. O único benefício é a isenção do IPVA, que vale para os carros de praça. Teve receio no início, mas o cotidiano mostrou que a compra foi acertada.

Nelson garante que, no dia a dia, o consumo urbano do Prius fica em 20 km/l de gasolina. Caso tivesse um Toyota Corolla 2.0, essa média cairia para algo por volta de 11 km/l com o mesmo combustível, se o trânsito estiver fluindo muito bem.

No anda e para da cidade, o Prius funciona boa parte do tempo no modo elétrico, sem emitir poluentes. O motor a combustão garante força nas ultrapassagens e também trabalha para recarregar as baterias.

Nelson está satisfeito com seu veículo de trabalho, que não apresentou qualquer problema além do desgaste normal de itens como pneus e pastilhas de freio. Contudo, ele terá de rodar mais de 300 mil quilômetros para compensar o dinheiro investido no carro.

Se as discussões sobre incentivos para carros verdes evoluíssem em velocidade compatível com os tempos modernos, outros taxistas poderiam ter acesso a carros híbridos, ou mesmo 100% elétricos, como o Nissan Leaf. Os 70 mil quilômetros rodados pelo Prius de Nelson são uma prova de que modelos assim são viáveis no Brasil.


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