Folha de S. Paulo


Mais carros, menos vendas

Entre setembro e outubro de 2012, Hyundai e Toyota ingressaram no segmento de carros compactos, o mais polpudo do mercado automotivo nacional. A sul-coreana teve sucesso imediato com a linha HB20, enquanto o Etios demorou para decolar. O que veio depois ajuda a explicar o momento da indústria.

Em 2013, os compactos estreantes somaram 228 mil unidades emplacadas. Nesse mesmo ano, o mercado teve sua primeira queda em uma década, com redução de 1,7% nos emplacamentos em comparação ao período anterior.

Os estreantes, que não tinham antecessores, abocanharam cerca de 6% do mercado em uma época de retração. Some-se a isso o fator Argentina e veremos rugas e cabelos brancos surgindo em executivos tarimbados.

As fábricas estavam adequadas a um nível de produção que crescia vultuosamente. Agora, a concorrência intensifica-se e as vendas recuam.

Outro agravante: a imensa maioria dos carros compactos sai de fábricas nacionais, enquanto modelos médios vem em grande quantidade do México e da Argentina.

Pátios cheios resultam em linhas de produção esvaziadas, com trabalhadores em férias coletivas ou com contratos suspensos temporariamente- tudo dentro das regras estabelecidas pela CLT há 70 anos.

O que há de novo nesse cenário é que a concorrência vai se intensificar ainda mais até o fim de 2015. Novas fábricas serão inauguradas e outros produtos inéditos chegarão ao mercado.

Fabricantes acostumadas a abocanhar fatias superiores a 20% do mercado vislumbram um horizonte de números mais modestos. É por isso que a Anfavea clama por crédito e incentivos do governo.

Se é inevitável ver a participação de mercado minguar, resta pedir ajuda para manter lucros e melhorar as vendas. Perde-se em pontos percentuais, ganha-se em volume.


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