Folha de S. Paulo


Imagine na Copa

Após um ano abaixo do esperado em vendas, as fabricantes de automóveis instaladas no país já acreditam que 2014 ficará no mesmo patamar. É o inevitável efeito Copa.

Em 2002, quando a indústria ainda claudicava e vivia aos sobressaltos diante de crises locais e globais, a venda total de veículos no país recuou pouco mais de 1% em comparação ao ano anterior.

A Copa no Japão e na Coreia do Sul foi realizada em junho. Esse foi o segundo pior mês em emplacamentos naquele ano. Só perdeu para fevereiro, época de férias e Carnaval. Mas fomos campeões.

Há sete anos, quando o Brasil foi eliminado nas quartas de final pela França, a queda nas vendas na comparação entre os meses de junho de 2006 e o mesmo mês em 2005 ficou em 14,4%. Mesmo assim, as contas fechadas em dezembro indicaram que houve recorde de unidades comercializadas.

O mesmo ocorreu em 2010, quando o Brasil caiu diante da Holanda, também nas quartas. O ano terminou com crescimento, mas a comparação entre o mês que concentrou a maior parte dos jogos da Copa do Mundo da África do Sul -junho, novamente- e o mesmo período do ano anterior mostrou uma diminuição de 6,9% nas vendas totais.

A situação tende a ser pior em 2014, pois, além de o mercado não apresentar crescimento no acumulado deste ano, a Copa é aqui. Deveremos ter dois anos seguidos sem recorde de emplacamentos, ou com crescimento inferior a 1%.

Os reflexos deverão esticar-se por dois meses. A partida de abertura será no dia 12 de junho, e a final acontece em 13 de julho.

Teremos feriados e o uso do transporte público será corretamente incentivado nas cidades que sediam jogos. Um clima nada estimulante para compra de automóveis.

O cenário é complementado pela provável elevação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em janeiro. As fabricantes aguardam ansiosas a chegada de 2015.


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