Folha de S. Paulo


A conta da luz

A BMW pode fazer uma visita a seu prédio. Engenheiros da marca têm ido a condomínios residenciais e comerciais de São Paulo para conhecer detalhes das instalações elétricas e definir a estratégia de pós-venda do compacto i3.

A fabricante já concluiu que os pontos de recarga nas garagens deverão estar vinculados aos apartamentos. O dono do carro paga a conta da luz.

Isso torna necessário o desenvolvimento de uma rede de 220v que permita a instalação de um carregador (Wall Box) e de tomadas próprias. O desafio é ainda maior em prédios antigos, mas a marca alemã está disposta a investir pesado para viabilizar a venda de seu compacto elétrico. Outras empresas seguirão passos semelhantes, para o bem do ar que respiramos.

Mas não pense que o desenvolvimento de soluções menos poluentes para mover carros são fruto do espírito elevado das grandes fabricantes. O negócio envolve dinheiro e sobrevivência em um mercado cada vez mais estreito.

Quando as regras que desoneram os automóveis de baixa emissão finalmente saírem do papel, quem tiver o pioneirismo na venda poderá definir os preços e acelerar a recuperação do investimento. Será um ambiente bem mais promissor que o mercado de veículos convencionais.

Hoje, as marcas que produzem no Brasil estão se preparando para um período de menor rentabilidade devido à leva de novos carros nacionais que chegarão às lojas até 2015. Mais competição significa briga por centavos no preço final, pagamento facilitado e redução de margens. Caso contrário, haverá perda significativa de volume.

Com os automóveis "verdes", o cenário inicial será diferente. Haverá pouca oferta e vendas pontuais, que tendem a crescer ao longo dos anos.

Quem souber vender melhor seu peixe elétrico terá retorno certo e poderá sonhar com os tempos onde o mercado era dominado por poucas empresas.


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