Folha de S. Paulo


O futuro da oficina

O leitor escreveu enfezado. Seu Fiat apresentava um problema no painel, onde a luz do airbag acendia de tempos em tempos. O problema só foi resolvido após sete idas à concessionária.

Em outro caso, o dono de uma motocicleta BMW teve de esperar por mais de dois meses para receber um lote de peças. Os componentes eram importados.

Há também o episódio do Renault que ficou parado por quase 60 dias na oficina sem que seu defeito fosse diagnosticado. Depois de o serviço ficar pronto, o dono percebeu que havia um amassado na parte traseira do veículo. Ele acredita que esse dano ocorreu durante o período de reparo.

Essas histórias foram publicadas na seção "Cartas" do caderno "Veículos" nos últimos dois meses. São exemplos de como o atendimento de pós-venda no Brasil precisa evoluir. Há muitos outros casos, que envolvem todos os fabricantes e importadores instalados no país.

Infelizmente, o futuro pode ser pior. A implementação de novas tecnologias, como os veículos híbridos, elétricos e, mais adiante, autônomos, aumentará a demanda por serviços em oficinas autorizadas. Tais carros exigirão equipamento próprio para reparo e diagnóstico, que limitarão o trabalho de mecânicos independentes. Os planos de revisão serão mais criteriosos.

Esses serviços serão fundamentais para a sobrevivência das redes concessionárias, que vivem às turras com os fabricantes devido à perda de margem de lucro na venda de carros. O pós-venda é a garantia de perpetuação do comércio automotivo.

Mas esse cenário de futuro não combina com os problemas do presente. Quem já ficou com o carro parado por falta de peças ou foi mal atendido na hora da revisão não quer nem se imaginar totalmente dependente de serviços de baixa qualidade.

Os automóveis estão mudando, e a maneira de cuidar deles também precisa evoluir


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