Folha de S. Paulo


Carro chinês, um segundo olhar

Meu primeiro contato com um carro chinês foi no aeroporto de Xangai, em 2009. Era uma minivan bem cuidada, forrada de tecido bege. No caminho até o hotel, pude reparar a mistura de elementos que caracterizam a indústria local. Painel estilo VW, rádio à moda GM etc.

Esse é o lado caricato da indústria automotiva chinesa, um país cujas montadoras ainda buscam uma identidade própria -e não estão longe de alcançar.

Percebi isso ao guiar o novo JAC J3 por São Paulo. Trata-se de um compacto feito por uma empresa sem parceria com fabricantes ocidentais e que terá fábrica no Brasil.

Quando o primeiro J3 foi lançado no Brasil, há dois anos, tive a chance de dirigi-lo por 500 km.

Na época, o painel de instrumentos um tanto confuso e o retrovisor elétrico com acionamento invertido (pressione o botão para cima para fazer o espelho se inclinar para baixo) chamaram mais a atenção do que qualidades como desempenho ou itens de série.

No teste de agora, encontrei um painel descomplicado e maior cuidado no acabamento. Há outro volante, menor e com alguns comandos do som. O visual também mudou, embora a carroceria seja basicamente a mesma.

O retrovisor continua funcionando ao inverso -os chineses devem gostar disso-, mas os demais ajustes demonstram a vontade de ganhar público em mercados emergentes do ocidente.

Marcas concorrentes já presentes no Brasil fazem movimentos semelhantes. A Lifan e a Chery também estão se descolando da caricatura e apresentando produtos que já merecem atenção.

O que falta? Um pouco mais de refinamento e maior preocupação com a segurança. Mas se a agilidade vista para corrigir os pontos fracos no desenho for a mesma na hora de mexer nesses pontos, em breve teremos carros chineses brigando em pé de igualdade com modelos ocidentais, japoneses e sul-coreanos.


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