Folha de S. Paulo


Lado a lado

Os três sedãs repletos de adesivos chamaram minha atenção. Não é todo dia que vemos um Chevrolet Cruze, um Toyota Corolla e um Renault Fluence novinhos perfilados diante de uma loja Honda.

Assim que cheguei à Redação, telefonei para a concessionária como se fosse um cliente. Pedi para falar com o setor de veículos novos e fui atendido por um solícito vendedor.

"Boa tarde, o senhor deseja alguma informação sobre nossos carros?" indagou o funcionário.

De primeira, perguntei: "Posso ir aí para dirigir os carros que estão em frente à loja?".

O vendedor disse que sim, e que eu deveria guiar também o Civic, para compará-lo aos demais. Estiquei o papo para entender um pouco melhor essa estratégia de vendas, comum nos Estados Unidos, mas rara no Brasil.

O funcionário explicou que a ideia era promover um teste comparativo entre os principais concorrentes do segmento de sedãs médios. E, é claro, mostrar as qualidades do Honda diante dos adversários.

Iniciativa válida e sem problemas éticos, pois as outras marcas podem fazer o mesmo e valorizar seus carros na comparação.

Questiono os preços do Civic, que custa mais que o Fluence. Bem treinado, o vendedor rebate: "Levamos vantagem nos planos de manutenção. É mais barato cuidar de um Honda".

Perguntei qual era a base dessa informação. De maneira simpática e um tanto jocosa, ele disse que eu deveria perguntar isso para o meu mecânico.

Faz parte do jogo. Caso a Renault copie essa estratégia, certamente terá profissionais com informações na ponta da língua para defender seus produtos e mostrar o quanto são melhores que os da loja vizinha.

Feita com correção -- não vale "sabotar" o carro do concorrente --, essa estratégia valoriza a marca, pois mostra a confiança no produto. E, se a moda pega, irá facilitar a vida dos clientes, que farão vários testes pelo preço de um.


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