Folha de S. Paulo


Paraolimpíada é encarada por Tóquio como preparação para o futuro

Zanone Fraissat - 16.set.2016/Folhapress
Andrew Parsons foi eleito presidente do Comitê Paraolímpico Internacional
Andrew Parsons foi eleito presidente do Comitê Paraolímpico Internacional

A organização de Tóquio-2020 trabalha com o foco na Olimpíada, mas sem desviar a mira da Paraolimpíada, programada para ser disputada na sequência. Esse foi o teor de entrevista recente da governadora da capital do Japão, Yuriko Koike.

A Paraolimpíada, evento exclusivo para atletas com deficiências sensoriais e físicas, está sendo encarada pelos japoneses como uma importante oportunidade de preparar a cidade para o futuro, pensando no envelhecimento da população.

Em 1964, Tóquio abrigou a Paraolimpíada pela primeira vez e também a Olimpíada. Naquela oportunidade, a cidade mostrou ao mundo a reconstrução, após os efeitos da Segunda Guerra Mundial e das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki.

Para os organizadores, o legado da próxima Paraolimpíada –físico, estrutural, cultural e educacional– parece ser a meta maior e mais importante a ser atingida nos dois eventos. Portanto, a disputa ganha relevância na proposta japonesa.

No Rio, a Olimpíada contou com 11.303 atletas de 206 países; a Paraolimpíada, com aproximadamente 4.500, de 179 países. No Japão, esses números não deverão ser muito diferentes.

Nesse contexto da Paraolimpíada, a novidade será a competição sob a batuta de um brasileiro, Andrew Parsons, 40, recém-eleito presidente do IPC (Comitê Paraolímpico Internacional, na sigla em inglês), entidade na qual era o vice desde 2013. Quatro anos antes, ele havia assumido o comando do Comitê Paraolímpico Brasileiro, no qual ficou até maio último.

Parsons sucede no posto o britânico Philip Craven, que dirigiu o IPC nos últimos 16 anos. Pela sua posição, Craven acumulava ainda cargo no Comitê Olímpico Internacional. O mesmo deve ocorrer com Parsons.

Em momento tão importante do movimento olímpico internacional –além de Tóquio, já estão definidas as sedes dos Jogos de Verão de 2024, que serão em Paris, e de 2028, em Los Angeles–, o esporte brasileiro está envolvido em suspeitas de compra de votos quando, em 2009, o Rio ganhou o direito de abrigar a Olimpíada de 2016 e, consequentemente, da Paraolimpíada.

A despeito do sucesso dos Jogos aqui realizados, vale ressaltar um recrudescimento dos escândalos envolvendo cartolas do esporte brasileiro. O futebol é pródigo nesses episódios.

Basta citar as maracutaias de José Maria Marin, que acabou na prisão, de Ricardo Teixeira e do falecido João Havelange, mais do atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que, por temor ao risco de prisão, não viaja ao exterior. E ele insiste em seguir no cargo.

Fora do futebol, a situação não é menos conturbada. Dirigentes da Confederação de Desportos Aquáticos foram presos pouco tempo atrás por irregularidades na entidade, enquanto outros esportes tiveram desmandos apontados nas atividades de suas direções.

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil e do comitê organizador da Rio-2016 (ainda em atividade para o balanço e prestação e acerto das contas), acabou envolvido, como suspeito, naquela denúncia da compra de votos.

Seus passaportes –brasileiro e russo– foram apreendidos e ele não pode viajar ao exterior. Na casa dele, policiais encontraram R$ 480 mil. Advogados do dirigente afirmam que ele é inocente.

A repulsa da população em geral pelos desvios na política e no governo, igualmente ganha proporções alarmantes na área de esportes. É voz corrente nos botecos, nas escolas, nas ruas, nos clubes.

Por sua vez, Andrew Parsons, a nova estrela que brilha na constelação da cartolagem, já teve escorregões apontados pelo TCU (Tribunal de Contas da União), como excesso de gastos de dinheiro público com despesa familiar em viagem, quando exercia a presidência do CPB. Outro questionamento apontou para altos salários na entidade. Agora, ele vira alvo internacional e fica ainda mais exposto.

Entretanto, um pouco de descontração não faz mal a ninguém, mesmo diante dos dissabores do esporte nacional. Esta semana tem datas para serem lembradas por todos.

Na quinta (21) é o Dia da Árvore e o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência e, na sexta, Dia Nacional do Atleta Paraolímpico. Uma suave brisa para o início da Primavera no hemisfério Sul.


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