A Olimpíada de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, corre risco de ser afetada pela tensão envolvendo a Coreia do Norte e os Estados Unidos.
A crise não é nova, mas cresceu nos últimos meses impulsionada pelos testes norte-coreanos nucleares e de mísseis, que levaram ao endurecimento de posições das partes envolvidas.
Donald Trump, presidente americano, ameaçou responder com "fúria e fogo" caso o governo norte-coreano de Kim Jon-un siga com os testes. Este, por sua vez, ameaçou atacar Guam, ilha do território americano no Pacífico.
Tudo pode não passar de bravata, mas o embate verbal já coloca interrogações no evento olímpico, previsto para fevereiro do ano que vem. Na Olimpíada de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014, participaram delegações de 88 países e 2.871 atletas, um recorde. Espera-se que a marca seja superada em PyeongChang, com 95 países e cerca de 3.000 atletas.
A Coreia do Norte enviará uma delegação para cruzar a fronteira e competir na Coreia do Sul caso a crise persista?
O COI (Comitê Olímpico Internacional) investe na possibilidade de que ocorra esse esperado passo entre as duas Coreias. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, também. Tanto que adiantou que vai esperar pela decisão dos vizinhos do Norte até o último minuto.
O gesto simboliza mais do que uma mera ação de cordialidade, porque nenhum atleta norte-coreano obteve classificação para os Jogos. Significa serem os vizinhos convidados dos anfitriões.
O Norte recusou anteriormente proposta para uma delegação unificada. Entretanto, o Sul deixou aberta a possibilidade para a formação de uma equipe conjunta no hóquei.
As Coreias são o resultado de uma divisão de território pela guerra de 1950-53. Na realidade, as partes continuam sem assinar uma declaração de paz desde aquele conflito, encerrado com um armistício, de um lado o Norte, que contou com apoio da China e da então União Soviética, e, do outro, o Sul, com o respaldo de aliados como EUA e Reino Unido.
Uma curiosidade relacionada aos Jogos foi a mudança da grafia do nome da sede olímpica, PyeongChang. O "C" era minúsculo e virou maiúsculo para melhor orientação de atletas e turistas, a fim de evitar confusão do destino, com viagens rumo a Pyongyang, capital da Coreia do Norte. Isso seria possível? É difícil acreditar na hipótese, considerando as exigências de documentação para os viajantes.
Sem atleta com índice e sem convite, a Coreia do Norte ficou de fora do evento russo. Os Jogos de Inverno registram duas medalhas de prata dos norte-coreanos, obtidas em Innsbruck-1964, na Áustria, e em Albertville-1992, na França.
Nos Jogos de Verão, os norte-coreanos se saem relativamente bem. Estiveram no Rio com 31 atletas e terminaram na 34a. posição entre os 206 países participantes, com sete medalhas (2 de ouro, 3 de prata e 2 de bronze). Os sul-coreanos, mais bem preparados nos esportes –organizaram a Olimpíada de 1988, em Seul–, ficaram em 8o., com 21 medalhas (9, 3 e 9).
É interessante ainda ressaltar que esta será a primeira de três Olimpíadas consecutivas nas bandas da Ásia Oriental, onde estão programadas a de Verão, em Tóquio-2020, e a de Inverno, em Pequim-2022. É muito palco e oportunidade para manifestações extravagantes de líderes aloprados.