Folha de S. Paulo


Tensão na Ásia é risco para Olimpíada de Inverno

KCNA/via Reuters
North Korean leader Kim Jong Un inspected the Command of the Strategic Force of the Korean People's Army (KPA) in an unknown location in North Korea in this undated photo released by North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) on August 15, 2017. KCNA/via REUTERS REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. NO THIRD PARTY SALES. SOUTH KOREA OUT. NO COMMERCIAL OR EDITORIAL SALES IN SOUTH KOREA. ORG XMIT: GDY01
O líder norte-coreano Kim Jon-un (centro); tensão entre país e EUA cresceu nos últimos meses

A Olimpíada de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, corre risco de ser afetada pela tensão envolvendo a Coreia do Norte e os Estados Unidos.

A crise não é nova, mas cresceu nos últimos meses impulsionada pelos testes norte-coreanos nucleares e de mísseis, que levaram ao endurecimento de posições das partes envolvidas.

Donald Trump, presidente americano, ameaçou responder com "fúria e fogo" caso o governo norte-coreano de Kim Jon-un siga com os testes. Este, por sua vez, ameaçou atacar Guam, ilha do território americano no Pacífico.

Tudo pode não passar de bravata, mas o embate verbal já coloca interrogações no evento olímpico, previsto para fevereiro do ano que vem. Na Olimpíada de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014, participaram delegações de 88 países e 2.871 atletas, um recorde. Espera-se que a marca seja superada em PyeongChang, com 95 países e cerca de 3.000 atletas.

A Coreia do Norte enviará uma delegação para cruzar a fronteira e competir na Coreia do Sul caso a crise persista?

O COI (Comitê Olímpico Internacional) investe na possibilidade de que ocorra esse esperado passo entre as duas Coreias. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, também. Tanto que adiantou que vai esperar pela decisão dos vizinhos do Norte até o último minuto.

O gesto simboliza mais do que uma mera ação de cordialidade, porque nenhum atleta norte-coreano obteve classificação para os Jogos. Significa serem os vizinhos convidados dos anfitriões.

O Norte recusou anteriormente proposta para uma delegação unificada. Entretanto, o Sul deixou aberta a possibilidade para a formação de uma equipe conjunta no hóquei.

As Coreias são o resultado de uma divisão de território pela guerra de 1950-53. Na realidade, as partes continuam sem assinar uma declaração de paz desde aquele conflito, encerrado com um armistício, de um lado o Norte, que contou com apoio da China e da então União Soviética, e, do outro, o Sul, com o respaldo de aliados como EUA e Reino Unido.

Uma curiosidade relacionada aos Jogos foi a mudança da grafia do nome da sede olímpica, PyeongChang. O "C" era minúsculo e virou maiúsculo para melhor orientação de atletas e turistas, a fim de evitar confusão do destino, com viagens rumo a Pyongyang, capital da Coreia do Norte. Isso seria possível? É difícil acreditar na hipótese, considerando as exigências de documentação para os viajantes.

Sem atleta com índice e sem convite, a Coreia do Norte ficou de fora do evento russo. Os Jogos de Inverno registram duas medalhas de prata dos norte-coreanos, obtidas em Innsbruck-1964, na Áustria, e em Albertville-1992, na França.

Nos Jogos de Verão, os norte-coreanos se saem relativamente bem. Estiveram no Rio com 31 atletas e terminaram na 34a. posição entre os 206 países participantes, com sete medalhas (2 de ouro, 3 de prata e 2 de bronze). Os sul-coreanos, mais bem preparados nos esportes –organizaram a Olimpíada de 1988, em Seul–, ficaram em 8o., com 21 medalhas (9, 3 e 9).

É interessante ainda ressaltar que esta será a primeira de três Olimpíadas consecutivas nas bandas da Ásia Oriental, onde estão programadas a de Verão, em Tóquio-2020, e a de Inverno, em Pequim-2022. É muito palco e oportunidade para manifestações extravagantes de líderes aloprados.


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