Folha de S. Paulo


Vôlei abre era Renan após sucesso de Bernardinho

Silvio Ávila - 29.abr.2006/CBV
Renan Dal Zotto, técnico da seleção masculina de vôlei
Renan Dal Zotto, técnico da seleção masculina de vôlei

A seleção masculina de vôlei do Brasil inicia uma nova história a partir desta semana ao estrear na Liga Mundial, que conta com seleções de 36 países.

Depois de cerca de uma década e meia de campanhas vitoriosas, em vários torneios de alto nível técnico, sob a direção de Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, o time agora tem novo comandante, Renan Dal Zotto.

Coincidentemente, a dupla Bernardinho-Renan é remanescente da "geração de prata". Como jogadores, ambos participaram da conquista do título de vice nos Jogos de Los Angeles-84 com a equipe nacional precursora em pódio olímpico.

De lá para cá, o time masculino arrebatou outras cinco medalhas em Olimpíadas, das quais a então inédita de ouro em esporte coletivo do Brasil, em Barcelona-92, sob a batuta do técnico José Roberto Guimarães.

Bernardinho assumiu em 2001. Levou a seleção ao ouro em Atenas-2004, além das campanhas de prata de Pequim-08 e de Londres-12, e, novamente ao ouro, na exuberante final contra a Itália na Rio-2016. Nesse período, os torcedores vibraram ainda com títulos em Mundiais, Copas e Ligas.

Tal retrospecto amplia a importância da peleja para o novo técnico. As cobranças serão inevitáveis, embora seja tênue a linha divisória entre vitória e derrota nos confrontos das seleções da vanguarda do vôlei internacional, em que o Brasil figura como potência.

Renan encerrou a carreira de jogador em 1993, após 13 anos atuando pela seleção, e passou imediatamente a trabalhar como técnico. Ao aceitar o cargo no time principal do Brasil, no entanto, estava havia oito anos deslocado, exercendo outras funções no esporte.

Ele precisa mostrar que esse descompasso não representou nenhum risco ao tremendo desafio que a seleção representa. Antes do acerto com a CBV, para avaliar o convite, tratou de consultar Bernardinho, que tinha decidido encerrar seu ciclo à frente da seleção.

Recebeu apoio, embora a expectativa do antecessor fosse ser rendido por Roberley Leonaldo, o Rubinho, seu assistente na seleção desde 2006 e que estava sendo preparado para assumir o posto.

Para esta sua primeira batalha, Renan deixou claro que não pretende abrir mão da experiência acumulada pelo grupo vitorioso. Chamou dez dos doze medalhistas de ouro no Rio, que podem ser revezados nas convocações para as etapas da Liga, e novatos. Ficaram fora apenas o líbero Serginho, que encerrou carreira na seleção, e o levantador William, que pediu folga nesta temporada.

A Liga Mundial está dividida por grupos. Na condição de sede da fase final, de 4 a 8 de julho, em Curitiba, o Brasil terá uma vantagem assegurada: vaga para a disputa do título, que contará com outras cinco seleções.

Nesta etapa de abertura da Liga, os brasileiros jogarão em Pesaro (Itália) contra poloneses (sexta, 2), iranianos (sábado) e italianos (domingo). Seguirão para Varna (Bulgária) para enfrentar Canadá, Polônia e Bulgária. E, em Córdoba (Argentina), terão pela frente Bulgária, Argentina e Sérvia.

Os sérvios ganharam o título da Liga na temporada passada, em Cracóvia (Polônia), ao baterem o Brasil na decisão. Nas últimas seis temporadas, os brasileiros conseguiram quatro vices. Agora, em Curitiba, a seleção terá a oportunidade de contar com a força da torcida. Na Olimpíada, ano passado, ela foi decisiva. Quem viu, nunca vai se esquecer daquela memorável noite.


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