Folha de S. Paulo


Resgatar a história do basquete no Brasil é um caminho para sair da crise

O basquete nacional busca uma saída, difícil mas não impossível de ser encontrada, para a crise que abala sua estrutura nos últimos tempos.

Atolado em dificuldades econômicas e dívidas, fruto de falhas de gestão, e suspenso das competições internacionais por desacertos na condução dos seus negócios, administrativos e técnicos, o basquete brasileiro foi levado ao fundo do poço.

Tal situação colocou na corda bamba o prestígio que a modalidade desfrutava havia quase meio século, quando chegou a ser o esporte mais prestigiado no país depois do futebol.

Caiu no conceito dos torcedores, que trocaram a paixão pela modalidade por um sentimento de desconfiança e desilusão. A diretoria recém-eleita da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), lógico, quer resgatar imediatamente o orgulho e o prazer dos seus fãs, enquanto trata de reorganizar o esporte. Esse parece ser o plano.

É inegável que vitórias fazem a história, embalam o sucesso de qualquer esporte e de seus protagonistas, gravando para sempre as boas recordações. Provavelmente tocada por esse espírito e o do seu novo presidente, Guy Peixoto, um ex-jogador de basquete, a CBB vai relançar os modelos com listras verticais, verdes e amarelas, do uniforme da seleção nacional.

O tradicional fardamento marcou os bons tempos. Com ele, a seleção masculina arrebatou medalhas olímpicas de bronze (Londres-1948, Roma-1960 e Tóquio-1964) e o bi mundial (Santiago-1959 e Rio-1963).

As listras se converteram num símbolo e na imagem daquelas conquistas. Seguiram marcantes até os anos 80, quando o Brasil ainda figurava entre as principais forças mundias do basquete.

Ainda na trilha do recordar é viver, outra atitude da cartolagem, já registrada neste espaço, mostrou que buscar relação com o passado pode propiciar bons frutos. Falo da volta do basquete ao paulistano ginásio do Ibirapuera, local de memoráveis jornadas da modalidade, que havia caído no esquecimento.

O velho templo do basquete brasileiro renasceu com uma simples reforma nas suas instalações. Ano passado, a feliz opção de programar para o Ibirapuera a decisão da Copa Intercontinental de Clubes, vencida pelo Real Madrid contra o Bauru, reacendeu a memória de saudosistas e atraiu jovens torcedores.

Cada time ganhou um jogo, mas o título ficou com o Real pelo melhor saldo de cestas. Nada impediu a empolgação. O clima de basquete no local superou o êxito do time espanhol.

Recentemente, a cena se repetiu com o Jogo das Estrelas da liga nacional masculina. Sucesso total, evidenciando ser aquele um palco especial para a modalidade. Tanto que a festa anual da liga deve acontecer novamente ali.

Na luta pela redenção, a nova direção da CBB desponta como um fio de esperança. A reviravolta, no entanto, não deve acontecer da noite para o dia. O mais provável, caso ela ocorra, é que virá lentamente.

Contudo, torna-se indispensável deixar acionado o "sempre alerta", lema dos escoteiros mundo afora. Por uma simples razão: só casa e camisa não ganham jogo nem superam crises.


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