Enquanto o Rio de Janeiro continua apertado para cobrir dívidas geradas pela Olimpíada e Paraolimpíada, Tóquio chega ao final de 2016 temendo a escalada dos gastos com os preparativos dos Jogos de 2020. Isso faltando ainda cerca de três anos e meio para o evento.
O plano original de promover todas as competições num raio de 8 km de Tóquio cai no esquecimento quando um novo projeto desponta como mais econômico do que o anterior. Reduzir custos é o principal foco no momento.
Especialistas haviam projetado a possibilidade de que os custos da Olimpíada poderiam chegar a 3 trilhões de ienes, caso o plano inicial não fosse alterado. Recentemente, após reformulações no projeto original, o comitê organizador dos Jogos estimou que serão gastos entre 1,6 e 1,8 trilhão de ienes, ou seja, mais de R$ 50 bilhões. A Rio-2016 ainda calcula os seus gastos, que estavam estimados em cerca de R$ 40 bilhões.
O palco dos torneios de vôlei, por exemplo, modalidade de proa do esporte brasileiro, esteve perto de ser deslocado da região de Tóquio para economizar dinheiro. Mas os japoneses descartaram a hipótese de recorrer ao ginásio poliesportivo de Yokohama. Voltaram atrás, mantendo o plano original de construção de um novo ginásio para o vôlei, embora um pouco menor, na capital.
Na Olimpíada do Rio participaram aproximadamente 10.700 atletas de 205 nações e duas delegações especiais (Atletas Olímpicos Independentes e Atletas Olímpicos Refugiados). Ao todo foram 42 modalidades esportivas, com a inclusão do golfe e do rúgbi de sete. Em Tóquio haverá mais cinco esportes (beisebol/softbol, surfe, skate, caratê e escalada). Essa novidade deve aumentar o número de participantes.
Promover uma Olimpíada gera custos astronômicos, que levam cidades interessadas a desistirem antes mesmo do início da corrida das candidaturas, como aconteceu recentemente com Roma, Hamburgo e outras.
Algumas cidades, no entanto, ainda acham que vale a pena correr os riscos. Los Angeles, Paris e Budapeste disputam em 2017 o direito de organizar os Jogos de 2024. Além disso, as duas próximas Olimpíadas de Inverno estão com suas sedes definidas: Pyeongchang, na Coreia do Sul, em 2018, e Pequim, China, em 2022.
O susto dos japoneses, que conquistaram em 2013 o direito de promover o evento de 2020, serviu para frear o excesso de otimismo. Mesmo assim, como sempre ocorre com os responsáveis pelos Jogos –o comitê organizador local e o Comitê Olímpico Internacional– a palavra de ordem continua sendo a de sempre, a de que será a melhor Olimpíada da história.
O GOVERNO BANCA
A prefeitura do Rio transferiu a gestão das arenas esportivas do Parque Olímpico da Barra, na zona oeste da cidade, para o governo federal.
Pelo acordo de cessão, o Ministério do Esporte passa a ser responsável pelas Arenas Cariocas 1 e 2, pelo Centro Olímpico de Tênis e pelo Velódromo. A pasta também vai custear a desmontagem do Estádio Aquático.
Os custos assumidos pelo ME não foram anunciados. Nem mesmo a crise econômica e social que assola o país impediu o acordo, que merece uma atenção especial.
O objetivo inicial era que o Parque Olímpico fosse administrado por meio de uma parceria público-privada (PPP), mas o projeto não foi para frente. Por que o governo federal assume tal encargo sem uma discussão prévia, pública, mais esclarecedora? Afinal, vai mexer no bolso do contribuinte.