Folha de S. Paulo


'Caso a ser estudado' para cartola, Rio é usado como exemplo para Tóquio

Uma delegação brasileira está em Tóquio, sede da próxima Olimpíada, em 2020, para apresentar como foi a experiência de organização dos Jogos Olímpicos, no Rio. É uma réplica de encontro semelhante ocorrido após o evento de 2012, quando o comitê organizador da Olimpíada de Londres repassou conhecimentos adquiridos aos colegas do Brasil.

O encontro de três dias vai até quarta (30), quando será divulgado um balanço das discussões. Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Rio-2016, responsável pela organização dos Jogos daqui, iniciou sua participação destacando que a sede olímpica precisa ter uma visão para o empreendimento.

No caso do Rio, apontou que o objetivo era modificar a cidade. Realçou ainda, como fundamental, a importância das relações entre o comitê organizador e as áreas de governo.

Outro assunto que tomou parte da abertura foi a nova proposta do COI de tratar patrocinadores como acionistas do evento e não como meros clientes. Essa iniciativa tem como meta reforçar a promoção e o incentivo à organização dos Jogos. A intenção é que a proposta seja assimilada também pelas federações internacionais de esportes e comitês olímpicos nacionais. Não menos delicado é o debate proposto para uma aproximação maior entre os organizadores da Olimpíada com a sociedade local, a imprensa e o público

Em mensagem de vídeo, o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, que não foi à reunião, voltou a destacar o êxito dos Jogos, após ter afirmado menos de duas semanas atrás ter sido "um milagre" o sucesso da Olimpíada do Rio.

No vídeo, o cartola chamou a Rio-2016 de "Jogos maravilhosos" realizados numa "cidade maravilhosa". Na declaração anterior, havia levantado os riscos pela crise econômica e política enfrentada pelo Brasil e os problemas de infraestrutura, como atrasos e excesso de gastos em algumas instalações esportivas e o temor do vírus da zika, que deixou muitas pessoas assustadas.

Para Bach, o sucesso da Olimpíada do Rio é "um caso a ser estudado".

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, que foi vaiado pelo público na cerimônia de encerramento dos Jogos no Maracanã, integra o grupo brasileiro em Tóquio e foi outro dos palestrantes. Ressaltou as dificuldades enfrentadas para organizar a Olimpíada.

Os principais obstáculos, segundo ele, foram a crise econômica e política na área federal do país e, na estadual, com um governo quebrado depois do fim de 2015. Recordou que embora quisesse na época falar para que ninguém se preocupasse, que tudo ia dar certo, as tensões no período pré-Jogos o deixaram com insônia.

O encontro na capital japonesa reúne, além dos brasileiros, vários dirigentes do COI e da Olimpíada de Tóquio, bem como dos Jogos de Inverno de 2018 (PyeongChang, na Coreia do Sul) e de 2022 (em Pequim, na China).

A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, participou da abertura da reunião, que segue até quarta (30). Também acompanham os relatos representantes de Paris, Los Angeles e Budapeste, cidades que estão na disputa para promover os Jogos de 2024. A vencedora será apontada em 2017.

O grande desafio da Olimpíada de Tóquio é a tentativa de redução dos custos, com estimativas de US$ 22 bilhões, quase o dobro da Rio 2016, de cerca de R$ 40 bi. As contas daqui ainda não foram fechadas e há muitos credores batendo nas portas do comitê organizador. Tóquio que se cuide.

PAN
Os preparativos dos Jogos Pan-Americanos de 2019, previstos para Lima, não caminham de acordo com os planos. Por isso, O COI decidiu enviar um representante ao Peru para avaliar a situação.


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