Folha de S. Paulo


Certeza e dúvida na corrida por medalhas do vôlei nacional

FIVB/Divulgação
CUIBA,MS - Brasil vence a Italia pela Liga Mundial (Foto: FIVB/Divulgacao) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** LEGENDA DO JORNAL Bernardinho voltou a comandar a seleção de vôlei nesta quinta, após cumprir suspensão de dez jogos
O técnico Bernardinho conversa com sua equipe durante partida do Brasil na Liga Mundial

Passados poucos mais de dois meses da Olimpíada do Rio, o fã do vôlei tem uma certeza incontestável, a de que a seleção brasileira feminina vai continuar em boas mãos até os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, sob a batuta do técnico José Roberto Guimarães, 62, que aceitou continuar com seu trabalho.

Já a seleção masculina, sabe-se lá o rumo que irá tomar, uma vez que Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, 57, ainda avalia as possibilidades de seguir à frente do time.

Leva em conta problemas de saúde que teve de superar, e o desejo de ficar mais próximo da família, depois de anos em concentrações e viagens. Seleção ou clube? Nada ou os dois? Alguma vantagem? Com ele, o êxito de qualquer equipe é quase uma certeza. Sem ele, a expectativa de êxito fica menor, quase nada.

A proposta está feita, aguarda-se apenas a manifestação do treinador, um vitorioso incontestável nas quadras com sete pódios olímpicos –dois de ouro, três de prata (um como jogador) e dois de bronze (com o time feminino).

A espera da resposta de Bernardinho gera apreensão e especulações. A mais forte delas coloca o argentino Marcelo Mendez, 52, desde 2009 no Brasil e que trabalha no Cruzeiro de Minas, como possível candidato ao posto. É outro vencedor.

O Brasil é um arrebatador de medalhas no vôlei de quadra e de praia na Olimpíada. Aborda-se aqui somente a modalidade de quadra. Time brasileiro ganhar título não surpreende mais. A partir de Barcelona-92, ora no feminino, ora no masculino, e simultaneamente em duas oportunidades nos dois gêneros, nunca ficou fora do pódio nos Jogos.

O vôlei só foi introduzido oficialmente na Olimpíada em Tóquio-64 –uma apresentação especial ocorrera em Paris-24. Duas décadas depois do Japão, em Los Angeles, veio a primeira láurea do Brasil, prata no masculino.

Nos anos 90, o vôlei nacional iniciou a escalada ininterrupta de sucesso, sempre ilustrada pelas presenças marcantes de Zé Roberto ou de Bernardinho, ou de ambos.

Repetindo Atenas-2004, Bernardinho conduziu a seleção masculina ao terceiro ouro olímpico no Rio. O anterior, em Barcelona-92, inédito até então como feito de uma equipe do Brasil, de qualquer modalidade, teve direção de Zé Roberto. Este conduziu também a seleção feminina ao bi, em Pequim-08 e Londres-12. Neste ano, a equipe caiu nas quartas de final.

Como destacado em oportunidade anterior, coincidências não faltam na carreira da dupla. Atuaram como levantadores da seleção brasileira; estrearam em comissões técnicas como assistentes do ex-técnico Bebeto de Freitas; tiveram passagem pelo vôlei italiano; dirigiram as equipes nacionais masculina e feminina.

Uma diferença de postura, no entanto, pode ser facilmente constatada no banco, durante os jogos. Embora deixe transparecer nervosismo em momentos de tensão, Zé Roberto é mais contido, enquanto Bernardinho, mais espalhafatoso e explosivo.

Faces distintas –cada qual com sua fórmula de sucesso– que têm propiciado alegrias aos esportistas brasileiros. Nestes tempos de "fora fulano, fora beltrano", tão na moda, as palavras de ordem no vôlei são outras: "Fica Bernardinho, o Zé ficou".


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