Folha de S. Paulo


Inclusão feminina cresce na delegação brasileira e pode repetir últimos Jogos

As mulheres mantêm o protagonismo na delegação brasileira nesta primeira fase da Olimpíada no Rio, repetindo os feitos dos dois últimos Jogos. Em Pequim-08 e Londres-12, elas conquistaram o maior número de medalhas de ouro (duas das três em cada evento) abocanhadas pelo Brasil.

A judoca Rafaela Silva, até o início da noite desta sexta (12), era a única que havia conseguido subir mais alto no pódio. Além disso, o Brasil soma duas outras medalhas de bronze no judô, com Mayra Aguiar e Rafael Silva, e uma de prata, com o atirador Felipe Wu. O pugilista Robson Conceição já está com o bronze garantido e segue na disputa.

A seleção feminina de vôlei busca no Rio um feito inédito entre os brasileiros: ganhar o ouro pela terceira vez consecutiva. O vôlei de praia, que sempre chega ao pódio, conta com duplas cotadas para medalha, Larissa/ Talita e Ágatha/Bárbara Seixas.

No atletismo, Fabiana Murer, do salto com vara, e Erica Sena, da marcha atlética, são destaques. O mesmo se passa com Iris Tang Sing, no taekwondo, e Flávia Saraiva, na ginástica. Tem ainda o handebol e o futebol e Yane Marques, bronze em Londres no pentatlo.

Não faltam candidatas com potencial para chegar às medalhas. Mas, no esporte de alto rendimento, a vitória é sempre definida por detalhes mínimos. O estado psicológico do atleta, por exemplo, durante a competição é um fator decisivo, que faz muita diferença. Apontar resultado por antecipação é loteria.

A inclusão feminina vem crescendo nas delegações nacionais a cada evento olímpico, destacando-se entre os países com maior número de atletas do gênero. Desta vez, em casa, é a maior da sua história, com 209 mulheres e 256 homens.

Nem sempre foi assim. A primeira sul-americana nos Jogos, a nadadora brasileira Maria Lenk, competiu em Los Angeles-32. Então com 17 anos, ela e 81 atletas viajaram de navio. Mais tarde relembrou que não ficou isolada porque alguns atletas levaram suas famílias. Como mulher não podia ficar nos alojamentos, reservado para os homens, ela foi para um hotel.

O ineditismo de Lenk abriu as portas, mas a participação feminina continuou modesta nas delegações brasileiras. O salto começou mesmo para valer em Barcelona-92, quando pulou de 35 para 52.

Nas Olimpíadas da Era Moderna, iniciadas em 1896, na Grécia, não havia no programa competições para mulheres. A norma não resistiu. Quatro anos depois, em Paris, o gênero feminino abriu caminho no evento, com disputas de tênis, golfe e tiro. A natação em 1912 e o atletismo em 1928 romperam definitivamente as barreiras.

O fato é que a partir da década de 60, a mulher passou cada vez mais a ganhar espaço nos esportes em geral e nos Jogos Olímpicos. O COI busca a igualdade de gêneros. O Brasil está acompanhando essa tendência, e deve avançar. Afinal, o censo populacional revelou haver mais mulheres do que homens no país.

Chamada - Rio 2016


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