Folha de S. Paulo


Oportunidade para o tênis

A equipe masculina de tênis do Brasil tem uma chance excepcional para avaliar seu estágio de preparação com vistas aos Jogos Olímpicos do Rio. Enfrenta o Equador pelo zonal americano da Copa Davis, de sexta-feira (15) a domingo, em Belo Horizonte (MG).

Embora seja uma espécie de segunda divisão do evento, o torneio é oficial, não simples amistoso ou mero evento-teste para checar a condição de arena programada para os Jogos. Daí a relevância.

Deve funcionar mais ou menos como as finais da Liga Mundial servem ao vôlei masculino, embora esta seja uma competição mais abrangente, com o Brasil enfrentando rivais olímpicos, a partir de quarta-feira (13), na Polônia.

Em torneios como a Davis, as equipes podem aferir com maior precisão os seus estágios de condicionamento físico, técnico e psicológico. No vôlei feminino, as brasileiras acabam de conquistar o título do Grand Prix pela 11ª vez, na decisão contra as norte-americanas, fortes candidatas na Rio-2016.

Outro detalhe importante nesta oportunidade da Davis é o piso duro da quadra do Minas Tênis Clube, local escolhido pelo Brasil para o confronto com os equatorianos. É o mesmo tipo de piso da Olimpíada.

Com todos esses detalhes voltados para os Jogos, a escolha dos integrantes da equipe nacional não poderia ser diferente, com a escalação de convocados para a Olimpíada, como os duplistas Marcelo Melo e Bruno Soares, mais os jogadores de simples Thomaz Bellucci e Rogério Dutra Silva. Todos capitaneados por João Zwetsch.

O Equador, comandado por Raul Viver, conta com os tenistas Emilio Gomez, Gonzalo Escobar, Roberto Quiroz e Ivan Endara.

Na Olimpíada, o Brasil tem direito a mais três vagas. Além dos titulares da Davis devem integrar o time André Sá, Teliana Pereira e Paula Gonçalves.

O tênis, reintroduzido nos Jogos em Seul-1988, promete boas atrações no Rio, apesar da decisão de não valer pontos para o ranking mundial.

Mesmo com alto grau de profissionalismo e com atletas que ganham verdadeiras fortunas nos circuitos internacionais, o apelo dos Jogos atrai muitas estrelas. Casos dos atuais campeões olímpicos Andy Murray e Serena Williams.

A lista provisória de astros com vaga no Rio é extensa: Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer, entre outros, e Garbiñe Muguruza, Venus Williams e Martina Higins, que atuou em Atlanta-1996.

Uma boa performance da equipe brasileira na Davis pode dar fôlego ao time. A era Gustavo "Guga" Kuerten, por exemplo, foi impulsionada a partir dela, em 1996, quando o Brasil superou a Áustria e subiu para o Grupo Mundial. Kuerten iniciou sua trajetória de sucesso, acabou ganhando Roland Garros três vezes e chegou a liderar o ranking mundial durante 43 semanas.

Algo antes impensável, mas que se tornou realidade. Só que o tênis brasileiro deixou escapar aquele período mágico para promoção da modalidade. Foi engolido pela falta de organização da cartolagem, por suspeitas de corrupção e por outros desacertos.

Nas vésperas da Olimpíada em casa, a Copa Davis desponta novamente com chance de ajudar o tênis do Brasil. Dificilmente teremos um novo "milagre Kuerten", mas um empurrãozinho de otimismo rumo à Olimpíada já será bem-vindo.


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