Folha de S. Paulo


Os temores do golfe

Restando exatamente um mês para a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, ao menos em um esporte, o golfe, o surto do vírus da zika, que ocupou manchetes do noticiário nacional nos últimos meses, continua provocando estragos.

O temor ao vírus é usado como justificativa para estrelas mundiais da modalidade desistirem de participar da Olimpíada. Vale ressaltar, de todo modo, serem os golfistas profissionais muito bem remunerados pela prática esportiva, fato que impacta no apelo olímpico.

Nesse sentido, agora soa sintomática a declaração de 2015 do australiano, Adam Scott, campeão do Masters de 2013, de que ganhar uma medalha não mudaria sua vida porque seria como atuar numa exibição.

A carreira milionária é a prioridade no dia a dia dos golfistas, diferentemente da Olimpíada, sem prêmios em dinheiro e disputada apenas a cada quatro anos.

O golfe retorna ao evento após 112 anos de ausência —vários outros esportes travam disputa acirrada, e permanente, para ingressar na grade olímpica—, mas nem a recuperação desse patamar tem servido de isca para atrair vários dos golfistas de renome.

O Aedes aegypti, que provoca a dengue e a chikungunya, também é transmissor do vírus da zika. Pouco tempo atrás, uma carta enviada à OMS (Organização Mundial da Saúde) por 150 cientistas internacionais pedia a transferência ou adiamento dos Jogos Olímpicos por causa do surto do vírus da zika.

A OMS respaldou a manutenção da programação do evento e a alegação do Ministério da Saúde brasileiro. A justificativa deste órgão foi a de que no período dos Jogos, com temperaturas mais frias, que inibem a presença do mosquito, haverá queda na incidência de transmissão.

Como a decisão de participar é do atleta, o presidente da Confederação Brasileira de Golfe, Paulo Pacheco, destaca que, pelo fato de o jogador se sentir ameaçado por problemas que não são inerentes ao esporte, nada se pode fazer.

Seis dos golfistas posicionados entre os 20 primeiros da classificação mundial já anunciaram que não participarão dos Jogos. O caso mais recente foi o do japonês Hideki Matsuyama.

Antes dele, haviam desistido o australiano Jason Day, líder do ranking, o norte-irlandês Rory Mcllroy e o compatriota dele, Graeme McDowell, mais o fijiano Vijay Singh e o australiano Marc Leishman.

Recentemente, a sul-africana Lee-Anne Pace, com receio de contrair o vírus, foi a primeira mulher a desistir. O australiano Adam Scott e o sul-africano Louis Oosthuizen alegaram "motivos familiares" para não viajarem ao Rio.

A situação do golfe é delicada. Superou até entraves para a construção do campo olímpico da modalidade numa área de proteção ambiental no Rio, mas deixou portas abertas. Saúde e dinheiro, mesmo caraminguás, não permitem vacilos.

DECADÊNCIA?

O Corinthians goleou o Flamengo no confronto dos times com as maiores torcidas do país. Antes do jogo, o peruano Guerrero, do Fla, era a estrela da tarde; depois, as glórias ficaram com o paraguaio Romero, do Corinthians. O futebol brasileiro está mesmo mal das pernas, sem craques. Vai ter a chance de iniciar uma leve reviravolta no torneio olímpico, nunca antes vencido por uma seleção nacional.


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