Folha de S. Paulo


Lenha na fogueira olímpica

Depois do acendimento da chama na Grécia e, no momento, da tocha com o fogo olímpico percorrendo o território brasileiro, é o doping que vai colocar lenha na fogueira da Olimpíada. Isto porque está chegando a hora de a Wada (Agência Mundial Antidoping) e o COI (Comitê Olímpico Internacional) tomarem uma posição definitiva sobre casos de dopagem.

São pendências que acabarão com as dúvidas sobre a liberação ou não de atletas para os Jogos do Rio. Há ocorrências que chamam mais a atenção por envolverem suspeitas contra países, como Quênia e Rússia, não apenas atletas.

O caso da Rússia é o mais emblemático, após a revelação de um tremendo escândalo no ano passado, que resultou no impedimento da equipe de atletismo daquele país de participar de competições internacionais. A Wada só vai reverter as punições se concluir que a Rússia mudou sua postura, agindo claramente contra o embuste.

Foram levantadas suspeitas de uma trama na disseminação de fraudes na Rússia participação do governo, do serviço secreto e até da agência nacional antidoping. O problema não ficou restrito ao atletismo. Esportistas de outras modalidades também acabaram arrastados na onda dos testes positivos.

O registro mais surpreendente e de maior repercussão foi o da tenista Maria Sharapova, flagrada pelo uso de meldonium, que, em janeiro deste ano, passou a figurar na lista de drogas proibidas pela Wada. A própria atleta anunciou que tinha um teste positivo e ainda admitiu que utilizava a substância como medicação havia anos. A Wada ainda pesquisa os efeitos das dosagens do meldonium no organismo humano para reavaliar o tamanho das punições.

A situação do Quênia virou um ponto de interrogação depois da recomendação de comitê da Wada para que o país fosse declarado desobediente às leis antidoping. Na semana passada, a IAAF (Federação Internacional de Atletismo) antecipou um voto de confiança, garantindo que os quenianos seguem elegíveis.

A pressão sobre o Quênia teve como motivação o fato de o país ter perdido duas vezes o prazo para se adequar aos regulamentos da Wada. O Quênia criou uma nova lei antidoping.

O Brasil, organizador da Olimpíada, também está de olho nas decisões sobre doping. Em especial por causa da sua principal velocista, Ana Cláudia Lemos, suspensa por cinco meses, após teste positivo para a substância oxadrolona. O flagrante aconteceu em exame fora de competição, realizado pela ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), em 3 de fevereiro.

Cerca de um mês depois, a atleta passou a cumprir suspensão voluntária, antes mesmo de a amostra B ter ratificado o positivo. Dessa forma, hipoteticamente ela estará em condições de competir a partir do início de julho e nos Jogos do Rio.

Por que exprimir só possibilidade, não certeza? Simplesmente porque a ABCD, zelosa de suas atribuições de controle de dopagem, de um lado, e, do outro, a defesa da atleta, anunciaram que vão recorrer da punição no TAS (Tribunal Arbitral do Esporte). Um duelo intrigante. Ana Cláudia tem índice para competir nos 100 e 200 m rasos. Além disso, com ela no revezamento 4 x 100 m, o Brasil tem possibilidades de lutar pelo pódio.


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