Folha de S. Paulo


O desabamento e a Olimpíada

O trecho da ciclovia Tim Maia, no Rio, que desabou na semana passada causou grande preocupação, levando-se em conta que a contagem regressiva da Olimpíada entra nos 100 dias finais nesta quarta-feira (27). A tragédia causou a morte de ao menos duas pessoas.

Como o canteiro de obras dos Jogos é enorme e a ciclovia foi inaugurada há três meses, logo desperta aquela ponta de desconfiança sobre o padrão das construções olímpicas e arranha a imagem do evento.

A ciclovia, porém, foi construída como ponto de atração a mais na cidade, mas não figura no projeto olímpico. Por sua vez, a Concremat, empresa que a construiu, atua em várias construções para os Jogos.

Em sua coluna de sábado (23), nesta Folha, Ruy Castro revelou que, na véspera da inauguração da ciclovia, durante um passeio no local, conversou com um cidadão que disse ser um dos engenheiros daquela obra.

Comentando sobre a velha Gruta da Imprensa no costão, região onde ocorreu o desabamento, segundo relato de Ruy, o engenheiro disse que, por ser a gruta tombada pelo Patrimônio Histórico e vedada a modificações, tinham sido necessários cálculos diferentes para assentar as colunas e vigas que sustentariam a pista naquele trecho.

Uma informação que merece ser abordada, e não ignorada, nas entrevistas e depoimentos das autoridades, do governo municipal e dos diretores da empreiteira responsável pela obra.

SIMPLICIDADE

O presidente do comitê organizador da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, recebe o fogo olímpico das mãos dos gregos em Atenas nesta quarta. O fogo segue dali para o Museu do COI, em Genebra. Na semana que vem (3 de maio) chega a Brasília, início do percurso no país.

O medalhista Joaquim Cruz, ouro na Olimpíada de Los Angeles-1984 e prata em Seul-1988, nos 800 m rasos, é um dos esportistas notáveis que transportarão a tocha olímpica no território brasileiro.

Orgulhoso de sua origem, Cruz escolheu participar no trecho de Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Organizadores planejavam escalá-lo em local de maior visibilidade, mas ele fez questão de marcar presença na cidade natal. Um autêntico campeão, sem cerimônias.

NEYMAR

No acordo entre a CBF e o Barcelona para que Neymar fique fora da seleção brasileira na Copa América Centenário, em junho, e dispute a Olimpíada, em agosto, prevaleceu o bom senso.

A Copa América deste ano é um evento festivo, enquanto os Jogos Olímpicos significam um desafio para o futebol nacional, que nunca conquistou a medalha de ouro.

Com o final da temporada europeia, o jogador vai descansar antes de se apresentar à seleção olímpica. Um desafio para o técnico Dunga, que vem de uma campanha fraca –ocupa o sexto lugar– nas eliminatórias sul-americanas do Mundial e precisa de números positivos na Copa América para permanecer no cargo. Só assim terá a chance de dirigir Neymar na Olimpíada.

O acúmulo de funções do treinador –seleções principal e olímpica– não foi um bom caminho, já que envolve decisões complicadas como esta de Neymar. Além disso, a Olimpíada será em casa, e nenhum torcedor apagou da memória o vexame da Copa de 2014.


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