Folha de S. Paulo


Controvérsia olímpica

A recomendação do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para que o público acompanhe as competições de remo de graça na Olimpíada, na beira da lagoa, tomando sua cerveja em paz com a família, soou como discurso em tempos de campanhas eleitorais. Pura demagogia.

Como a arrecadação com a venda de ingressos é uma das principais fontes de fundos para cobrir as despesas decorrentes dos Jogos, a declaração provocou polêmica.

Para diminuir o orçamento dos altíssimos gastos olímpicos, em razão da crise econômica, foi cancelado o plano para a construção de uma arquibancada flutuante, provisória, com 4.000 lugares. Acontece que o prefeito tentou transformar em boa essa notícia ruim.

Não sei se atingiu o objetivo. Em contrapartida, irritou o diretor-executivo da Federação Internacional de Remo, Matt Smith, que se disse completamente chocado.

Sem a arquibancada flutuante, a capacidade do Estádio de Remo da Lagoa ficará em 7.000 lugares. Na última Olimpíada, em Londres, o remo teve arquibancada para 20 mil espectadores. Uma diferença que provoca a sensação de a modalidade estar andando para trás nesta Olimpíada.

Em contrapartida, vale a ressalva do prefeito de que, pela primeira vez, o remo vai ser disputado numa área urbana. Resumo da controvérsia: sem outra saída, Eduardo Paes tentou ficar bem na confusão.

ALÍVIO

O Comitê Olímpico do Brasil e o Comitê Rio-2016, organizador da Olimpíada, finalmente podem respirar um pouco mais aliviados em relação às disputas do ciclismo nos Jogos. É que o Brasil, depois de uma ausência de 24 anos, conquistou uma vaga nas provas de pista.

Já pensou o vexame se nenhum atleta do país organizador participasse de provas no novo velódromo, orçado em aproximadamente R$ 143 milhões? Mais ainda se for somado à conta o velódromo do Pan, inaugurado em 2007, que teve de ser demolido por demanda do projeto olímpico.

O autor da façanha é o ciclista cearense Gideoni Monteiro, que, no Mundial disputado em Londres no final de semana, assegurou a vaga no Omnium, a prova mais complexa do ciclismo de pista, com seis corridas em dois dias de competição.

No ciclismo de pista, a última participação brasileira teve Fernando Louro, na prova por pontos, em Barcelona-92. Gideoni comemorou a classificação com a 18ª colocação no Mundial de Londres, que colocou o Brasil em 15º no ranking olímpico, com apenas três postos de folga. Ufa!

SURPRESA

Outra modalidade que comemorou uma vaga surpreendente no final de semana foi a luta olímpica, no Pré-Olímpico de Frisco, nos EUA.

Na categoria até 130 kg da luta greco-romana, o armênio naturalizado brasileiro Eduard Soghomonyan sentiu-se mal antes da pesagem. Para não ficar sem representante na categoria, o Brasil o substituiu por Antoine Jaoude, que perdera na categoria até 125 kg na luta livre. Jaoude foi à final e garantiu a classificação.

Como a vaga é do Brasil, não do atleta, Jaoude e Soghomonyan disputarão entre si para definir quem vai representar o país na Olimpíada. O Brasil tem cinco vagas na luta nos Jogos, quatro no feminino e uma no masculino.


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