Folha de S. Paulo


Futebol, Olimpíada e arrepios

Faltando pouco para o Corinthians chegar matematicamente ao título de campeão brasileiro, por antecipação, o futebol continua com fôlego para outras emoções nesta reta de final de ano.

Parte delas com as derradeiras disputas do próprio Brasileirão, vaga na Libertadores e castigo do descenso. Tem ainda a decisão da Copa do Brasil, entre Santos e Palmeiras, no próximo dia 25 e em 2 de dezembro.

As seleções masculinas principal e olímpica também esquentam a modalidade neste novembro. O time principal pega a Argentina, dia 12, em Buenos Aires, e o Peru, dia 17, em Salvador, pelas eliminatórias da Copa-2018.

A escalada do Mundial mexe com os nervos dos torcedores porque o Brasil iniciou com tropeço –perdeu do Chile e ganhou da fraca Venezuela.

Por sua vez, a seleção olímpica tem amistosos contra o time da mesma categoria dos Estados Unidos, em Recife e Belém, dias 11 e 15, respectivamente. É uma espécie de arrancada rumo aos Jogos de 2016, no Rio.

Na Olimpíada, além da tensão por ter a responsabilidade de lutar pela inédita medalha de ouro, a importante conquista que falta na sua galeria, a seleção nacional vai atuar sob a pressão dos próprios torcedores.

O técnico Dunga é o responsável pelas duas seleções. Na verdade, atua diretamente na principal e conta com a cobertura de Rogério Micale na olímpica para driblar as coincidências nas agendas das equipes.

Na Olimpíada comandará o time que, pelos regulamentos, terá jogadores até 23 anos e apenas três acima desse teto. Dunga estava apenas com a equipe principal, mas a CBF decidiu colocá-lo também no lugar de Alexandre Gallo no time olímpico, e ele aceitou.

A manobra abre ao treinador a chance de reverter as suas fracassadas campanhas à frente das seleções nos Jogos de Pequim-2008 e na Copa da África do Sul, em 2010. Tropeços marcantes. Talvez por isso, a volta de Dunga ao comando das duas seleções divide a opinião dos esportistas.

O fato de Gilmar Rinaldi ser o coordenador de seleções da CBF também pesa nessa avaliação. Até ser indicado ao posto, o ex-goleiro Rinaldi trabalhava como empresário de jogadores, ou seja, estava voltado aos negócios no obscuro mundo do futebol. Declarou que tinha abdicado da atividade ao assumir a nova função.

A uma situação delicada dessa natureza, soma-se as denúncias de condutas criminosas envolvendo recentes presidentes da CBF. Ricardo Teixeira deixou a entidade, após escândalos revelados na Fifa.

José Maria Marin, que foi preso na Suíça sob suspeita de corrupção, passou os últimos cinco meses na cadeia e, provavelmente, seja extraditado ainda nesta-terça-feira para os Estados Unidos, onde responderá a processo.

O atual presidente, Marco Polo Del Nero, continua no cargo, mas deixou de cumprir agendas no exterior, enviando representantes. É como marcar gol contra. Reduz, com certeza, a força das demandas internacionais do futebol brasileiro.

Não bastassem esses inconvenientes, as seleções nacionais surpreendem com desacertos. Quem vai esquecer a trombada dos 7 a 1 da Copa diante da Alemanha, quando quatro daqueles gols foram anotados em espaço aproximado de oito minutos?

Pasmem! Pane semelhante acaba de repetir. Desta vez foi a seleção masculina sub-17, no Mundial que está sendo disputado no Chile. Em cerca de cinco minutos, ainda no primeiro tempo, a equipe levou três gols da Nigéria, os únicos tentos da partida e que eliminaram os brasileiros nas quartas-de-final.

Para o torcedor, pensar que o futebol brasileiro tem uma Olimpíada pela frente, em casa, é motivo para arrepios.


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