Folha de S. Paulo


O Pan, a Olimpíada e uma boa ideia

Os Jogos Pan-Americanos seguem a todo vapor em Toronto, no Canadá, com suas disputas poliesportivas. São um aperitivo da Olimpíada do ano que vem, que reunirá os principais atletas do planeta no Rio de Janeiro.

Embora ainda seja cedo demais, pois as competições seguem até o próximo dia 26, o quadro de medalhas no Canadá já provoca polêmicas, com as avaliações dos primeiros resultados. Sucesso ou fracasso? Disputas esportivas sempre alimentam pontos de vista contraditórios. Talvez por isso não tenha ocorrido nenhuma grande surpresa no noticiário trivial do Pan.

Em paralelo, sim, despontou informação relevante, como a de que a APO (Autoridade Pública Olímpica) vai apresentar, após o Pan, o novo valor de custo da Olimpíada do Rio. A APO é o consórcio criado com o objetivo de fiscalizar e integrar as ações da União e governos estadual e municipal do Rio no projeto da Olimpíada.

O cálculo ainda não foi fechado, mas é certo que os números vão extrapolar os R$ 38,2 bilhões da última estimativa orçamentária divulgada, quando faltavam ainda as definições de 14 dos 56 projetos da matriz de responsabilidade.

Diante da possibilidade de crescimento dos gastos, o comitê organizador e os governos envolvidos nos preparativos da Olimpíada devem promover adaptações nos planos elaborados inicialmente. Isto porque mais complicado será aumentar o volume de recursos governamentais neste momento de dificuldades econômicas e contenção de gastos. Mesmo assim dificilmente as portas dos cofres públicos deixarão de ser abertas.

O Pan serve aos brasileiros do comitê organizador da Olimpíada para observações de falhas e acertos. Toronto inovou com o acendimento da pira olímpica numa praça do lado de fora do estádio, onde foi realizada a cerimônia de abertura. A pira sempre fica dentro do estádio em eventos olímpicos desse tipo.

Essa novidade veio acompanhada por uma grande exploração da CN Tower, ponto turístico e símbolo da cidade. Em vídeo, a tocha foi até o topo da torre, conduzida em revezamento pelos campeões canadenses, vencedores do 4x100 m em Atlanta-1996. Decisão feliz e acertada dos organizadores canadenses, que pode se transformar numa boa ideia para eventos olímpicos futuros.

A Olimpíada de 2016 oferece a oportunidade de exploração de recursos semelhantes aos utilizados em Toronto. Por exemplo, o Rio conta no alto do morro do Corcovado, a cerca de 700 m acima do nível do mar, com o Cristo Redentor, um de seus pontos turísticos conhecidos em todo o mundo. Que tal uma pira olímpica ardendo por lá, mesmo que seja uma segunda pira, com a principal no Maracanã, o local da abertura?

Só para que o fogo olímpico fique bem à mostra durante os Jogos. O Cristo, de braços abertos, é um símbolo de paz. Ultrapassou o conceito religioso que motivou sua criação. Transformou-se num monumento, atração para estrangeiros e brasileiros, que daquele ponto podem observar as belezas do Rio.

Aliás, acompanhando o evento canadense pela TV, a queima de fogos de artifício na CN Tower provocou a sensação de que uma pira seria acesa lá também, mas isso não aconteceu.

No geral, a festa no Rogers Centre foi boa e atraente, mesmo com pequenas falhas e de cansativo discurso de Julio Maglione, presidente da Organização Desportiva Pan-Americana, a entidade responsável pelos Jogos. A cerimônia teve ainda o brilhante show do grupo canadense Cirque du Soleil.


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