Folha de S. Paulo


COI inspeciona preparativos para Olimpíada

Pouco importam os elogios ou críticas da Comissão de Coordenação dos Jogos, integrada por dirigentes do COI, que está realizando sua oitava visita de inspeção dos preparativos para a Olimpíada do Rio.

Apesar de parte das obras registrar atraso e das dificuldades enfrentadas pelo país no setor econômico, o Brasil caminha rumo à sua Olimpíada. De todo modo, nesta altura dos acontecimentos seria praticamente impossível retroceder, com o processo da organização em fase adiantada e restando apenas 528 dias para a solenidade de abertura. A comissão iniciou os trabalhos ontem e conclui as avaliações amanhã.

É preciso analisar a situação com serenidade. Não há como alimentar certezas neste momento em que até conquistas trabalhistas, que vigoram há décadas, estão na mira do governo brasileiro. Basta ao cidadão virar as páginas dos jornais para se deparar com o noticiário econômico e político permeado de previsões pessimistas, crises e escândalos.

Portanto, a organização dos Jogos deve tocar os preparativos dentro dos limites cabíveis, atenta para evitar desmandos e desperdícios. Vale ressaltar que a União vai bancar grande parte dos gastos, cuja estimativa já alcança R$ 37,7 bilhões.

Soma mais do que suficiente para provocar interrogações e dúvidas. As obras serão concluídas dentro dos prazos? As instalações serão adequadas para os Jogos? As empreiteiras cumprem os contratos firmados?

Em praticamente todos os cantos do Rio de Janeiro há atividades relacionadas aos Jogos. A organização tem muito a fazer pela frente e o tempo está cada vez mais curto, ingredientes que costumam exigir esforços financeiros extras, elevando custos de forma pavorosa.

A comissão do COI que está no Rio, é certo, observará muitos problemas, a maioria leves e alguns complicados. As obras do metrô, ligando a zona sul a Barra, por exemplo, são fundamentais e enfrentaram alguns impasses. Mas o comando do setor de transportes do Rio assegura que ficará pronta a tempo.

O baixo interesse do público por ingressos é outro ponto que vem exigindo atenção especial. Apenas cerca de 225 mil potenciais compradores manifestaram interesse pelo cadastramento por pelo menos um dos 7,5 milhões de tíquetes que serão colocados à venda. Uma campanha publicitária é a esperança de reviravolta nesse quadro.

Como já observado anteriormente aqui, a meta de despoluição das águas da Baía da Guanabara, assumida pelo governo estadual do Rio, está descartada. O governador Luiz Fernando Pezão anunciou que vai fazer o que for possível, devendo o trabalho prosseguir após os Jogos, promessa típica de palanque eleitoral.

Já a obra do velódromo, orçada em R$ 118 milhões, é a maior preocupação, segundo afirmou o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser. A obra necessitou de soluções para superar dificuldades técnicas e está atrasada.

Em todas as direções os indicadores apontam tempos difíceis para o país neste e no próximo ano, coincidentemente os da consolidação e realização dos Jogos. Portanto, pode até não chegar a ser a Olimpíada dos sonhos, como acreditava grande parte da população brasileira, que vibrou em 2009 quando o Brasil conquistou o direito de organizar os Jogos, mas que ela vai acontecer, não resta dúvida.


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