Folha de S. Paulo


Gallo continua no comando do time olímpico

A confirmação de Dunga como o novo técnico da seleção levantou muita polêmica, debates, com opiniões fortes a favor e contra. Não poderia ser diferente.

A cabeça dos torcedores ainda está quente após o vexame recente na Copa. O ex-capitão, que levantou a Copa-94, e depois assumiu o comando técnico da seleção na fracassada campanha da África-10, é do tipo sisudo e costuma limitar o acesso da imprensa aos jogadores do seu time. Talvez tenha mudado essa postura. O tempo dirá.

Além de Dunga, a CBF definiu também Gilmar Rinaldi como coordenador de seleções, e manteve Alexandre Gallo na função de técnico da seleção para a Olimpíada-16, no Rio.

Foi uma decisão coerente. Gallo, único remanescente do grupo de Luiz Felipe Scolari, já vinha trabalhando com a equipe-base para os Jogos Olímpicos. No torneio de Toulon, na Franca, recentemente, a competição mais importante da categoria sub-21 depois do Mundial, o Brasil chegou ao título.

Um bom passo para Gallo, que assumiu o cargo em janeiro de 2013. Portanto, ele vem acompanhando os jogadores na faixa de 20/21 anos há um ano e meio. Na Olimpíada, o regulamento do futebol estabelece 23 anos como teto de idade para os jogadores, permitindo apenas três acima dessa limite. Para ajudar a memória, cinco dos atletas que atuaram na Copa Thiago Silva, Marcelo, Oscar, Hulk e Neymar integraram também a seleção na última Olimpíada.

A medalha de ouro olímpica é a única conquista que falta para o vitorioso futebol brasileiro. Desde 1952 quando participou pela prieira vez do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos, em Helsinque, na Finlândia, o Brasil acumula três medalhas de prata e duas de bronze.

Embora a pressão sobre o time olímpico seja menos intensa do que ocorre com a equipe principal, ela existe. Basta lembrar o caso recente de Mano Menezes nos Jogos de Londres e da campanha na Olimpíada de Sydney-2000, quando bola da vez foi Wanderley Luxemburgo.

Em Londres, o Brasil perdeu na final para o México. Apenas uma derrota bastou para desencadear a queda do técnico, mesmo o trabalho não tendo sido considerado uma tragédia como agora na Copa. Mano acumulava a função na seleção principal e na olímpica.

Com a queda do treinador, Luiz Felipe Scolari, respaldado pela fama do título de campeão da Copa-2002, foi alçado novamente ao comando da seleção principal. Entretanto, ele optou por uma estratégia diferente do seu antecessor, e convidou o técnico Gallo para assumir a seleção olímpica.

Nesse detalhe, Dunga parece ter aprendido uma lição, a de que acumular cargos não é a melhor opção. Na passagem anterior pela seleção principal, ele também ficou responsável pela equipe olímpica, que terminou com a medalha de bronze em Pequim-08.

A escolha de Gilmar Rinaldi para o cargo de coordenador de seleções da CBF foi recebida com ceticismo. Ex-integrante de vários clubes de destaque e terceiro goleiro da seleção campeã da Copa-94, mesmo assim a escolha levantou polêmica. Não pelo seu histórico como atleta, mas por ele ter assumido a atividade de empresário de jogadores depois que pendurou as chuteiras e as luvas.

Uma situação que sempre vai gerar incômodos, independente da postura do coordenador e dele ter anunciado que encerrou aquele trabalho profissional. As convocações das seleções de todas as categorias, e a olímpica em especial, atrairão olhares desconfiados.

Como a Copa, a Olimpíada-16 vai ser jogada em casa, aumentando a cobrança pela inédita medalha de ouro. Vale também para o time feminino. No anúncio da reformulação das seleções, nada foi dito sobre as mulheres, nenhuma palavra. Será que a CBF está colocando as meninas nos seus planos?


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