Folha de S. Paulo


Verba do COI dá respiro aos Jogos do Rio

O Comitê Olímpico Internacional vai liberar, gradativamente, US$ 1,5 bilhão para o Rio de Janeiro dar sequência aos trabalhos de organização dos Jogos Olímpicos de 2016. Parte dessa verba é adiantamento do contrato de TV assinado pelo COI, pelos direitos de imagem dos Jogos, e parte contribuição direta para o evento.

Com essa injeção de recursos, o comitê organizador pode tocar as obras olímpicas neste segundo semestre sem a necessidade de recorrer às verbas públicas. Além disso, as eleições presidenciais se transformariam numa barreira. Mais à frente, sem dúvida, os governos serão acionados para arcar com sua fatia de contribuição.

O custo dos Jogos, hoje, está estimado em cerca de R$ 40 bilhões, valor que deve subir até a abertura da Olimpíada em agosto de 2016.

A visita do presidente do COI, o alemão Thomas Bach, que dois dias antes de ir ver a final da Copa no Maracanã teve encontro com a presidente Dilma Rousseff, serviu para consolidar essa decisão de liberação das verbas.

Mas não se trata de uma doação pura e simples. Ela tem contrapartida. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o governo do Estado, Luiz Fernando Pezão, assinaram recentemente uma carta de garantia, que respalda a decisão do COI sobre os adiantamentos. Parte do dinheiro, relativo ao contrato de TV, é direito da cidade que abriga os Jogos.

As avaliações positivas do presidente Bach sobre a organização e o bom andamento da Copa provocaram uma leve melhora no humor do COI em relação à Olimpíada no Rio. Fez com que a entidade ficasse um pouco mais confiante na capacidade de organização dos cartolas e políticos brasileiros envolvidos em grandes eventos esportivos.

Há três meses, preocupado com a lentidão nos preparativos para os Jogos, o COI chegou a designar um de seus dirigentes, Gilbert Felli, como uma espécie de interventor nos trabalhos de organização da Olimpíada.

Apesar da mudança de postura e do aparente clima de confiança, o COI deve manter o sinal de alerta acionado contra as possibilidades de atrasos no canteiro de obras da Olimpíada. Quer evitar o ocorrido nos preparativos da Copa, quando os impasses acabaram superados apenas na reta final. Bach insistiu novamente no alerta de que não há tempo a perder.

No final deste mês, com a chegada de velejadores e os primeiros treinamentos, e no início de agosto, com competições, a vela dá início aos testes dos palcos olímpicos.

As águas poluídas da baía de Guanabara têm sido alvo de críticas de velejadores brasileiros e estrangeiros. As previsões dos governos locais é de despoluição apenas parcial dentro dos próximos dois anos. Assim, a avaliação ficará por conta dos velejadores, dos quais não se espera elogios. Será a primeira batalha, de fato, dos Jogos.

TIME OLÍMPICO

A CBF, ainda atordoada com o vexame da seleção na Copa, parece ter esquecido que dentro de dois anos o Brasil vai promover uma Olimpíada. A medalha de ouro do torneio de futebol dos Jogos é a única conquista dos grandes eventos do futebol mundial que o Brasil não tem na sua coleção de glórias.

O tema renovação ganhou espaço nos debates sobre as futuras seleções da Copa, após a fracassada campanha do time de Luiz Felipe Scolari. A CBF evita tocar no assunto. Na Olimpíada, apenas três jogadores podem ter mais do que 23 anos de idade. Time olímpico não dá retorno como a seleção principal.

O seleção sub-20, sob o comando do técnico Gallo, vinha trabalhando com vistas aos Jogos do Rio, segundo plano da comissão dirigida por Scolari. Com a demissão do treinador e de seus auxiliares não se sabe se Gallo será mantido. Com a competição tão próxima, a definição dos planos para a Olimpíada exige urgência. Ou será que a CBF prefere correr o risco de outro vexame em casa, diante dos próprios torcedores?


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