Folha de S. Paulo


Antidoping e mordidas

O doping perturbou o sono da cartolagem –organizadores brasileiros e membros da Fifa– na fase pré-Copa. Mas a fórmula encontrada, com a remessa dos testes de sangue e urina para análise na Suíça, contornou a falha que causava preocupação: a falta de um laboratório no Brasil com competência para os exames de controle antidoping.

O Ladetec, no Rio, o único que operava no país com credenciais da Agência Mundial Antidoping (Wada) perdeu essa condição por não conseguir cumprir com as normas internacionais. Agora corre atrás do recredenciamento para superar um obstáculo muito maior, os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. A Copa envolve aproximadamente 700 aletas, enquanto a Olimpíada, cerca de 14 vezes mais.

Na Copa, a demora entre a coleta e a chegada do material no laboratório no exterior tem a contrapartida com o espaçamento entre os jogos de cada time, que propicia um prazo maior para que o exame seja concluído. Dessa forma um atleta com teste positivo pode ser punido ainda dentro da competição.

Na Olimpíada é diferente. Equipes de várias modalidades chegam a atuar em dias consecutivos, o que exige maior rapidez na finalização da análise dos testes. Apenas assim se cria condição de veto, antes do término do evento, ao participante com resultado positivo por causa do uso de droga proibida pelos regulamentos.

Não perder tempo com transporte é importante. Esse é um dos motivos que o Comitê Olímpico Internacional leva em conta para exigir um laboratório credenciado na sede da competição.

O diretor executivo da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), Marco Aurélio Klein, está convicto de que o Ladetec vai recuperar sua licença para operar na Olimpíada. Segundo ele, o novo prédio do laboratório está em fase de acabamento e parte da mudança dos equipamentos já começou. Integrantes da Agência Antidoping dos EUA (Usada) virão ao Brasil para atuar no treinamento de pessoal.

Enquanto isso, a Copa do Mundo corre solta, sem nenhuma queda no antidoping. Maradona continua sendo o protagonista do mais espetacular caso de doping em Mundiais, em 1994, que colocou um ponto final na participação dele em Copas.

Embora ainda seja cedo para um brinde ao "jogo limpo", o futebol está ganhando a disputa contra o doping nesta Copa. Mas a competição não terminou, e os testes idem, impedindo qualquer conclusão otimista sobre o assunto.

MORDIDAS NOS ESPORTES

Copa e Jogos Olímpicos registram fatos curiosos, como mordidas. A do atacante Luis Suárez no ombro do zagueiro italiano Chiellini teve muita repercussão. Na Olimpíada de Londres-2012, o judoca cubano Oreydi Despaigne também não se conteve e aplicou uma tremenda dentada no dedo do rival Ramziddin Sayidov. O mordedor alegou que o adversário é que tinha colocado o dedo em sua boca, ferindo-a. Os juízes não caíram no golpe e o desclassificaram.

No show da Copa, a maior mordida até o momento foi a dada pela bocarra da Comissão Disciplinar, padrão Fifa,que não teve nenhum pudor em aplicar a pena de nove jogos, mais quatro meses, de suspensão ao atacante uruguaio. Suárez merecia ser punido, sem dúvida, mas de forma menos rigorosa.

Voltando às mordidas não se pode esquecer da mais famosa delas no mundo dos esportes: a do pugilista Mike Tyson na orelha de Evander Holyfield, em luta pelo título mundial dos pesados em 1997. O feroz Tyson arrancou uma lasca do rival e livrou-se do pedaço com uma cuspida. Holyfield transformou o episódio em fonte de renda, explorando-o em propaganda de um molho para churrasco, no qual ele dizia ser o produto tão bom que dava vontade de comer a orelha de alguém. "Perguntem ao Tyson", completava.

Mordidas sempre despertam curiosidade. Tempos atrás li uma nota, creditada ao jornal "Daily Mail", revelando que a chefe de um escritório no Reino Unido havia sido suspensa do emprego após morder a bunda de um funcionário de 24 anos. Ele trabalhava com ela e gritou tão alto que todos ouviram.

A mulher, com cerca de 40 anos, foi suspensa da empresa, mas um colega de ambos afirmou que a mordida tinha sido uma brincadeira que havia fugido do controle. Ufa! Menos mal.


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