Folha de S. Paulo


COI enrica; Rio segue sob pressão

Pressões vindas do exterior ou mesmo geradas por aqui causam desconforto por causa dos atrasos e gastos dos preparativos para os Jogos Olímpicos de 2016, tanto faz se enquadrados dentro da estimativa orçamentária inicial ou fora dela, extrapolando as previsões. Enquanto isso, na Suíça, o Comitê Olímpico Internacional, detentor dos direitos sobre as Olimpíadas, comemora contratos bilionários.

A entidade concedeu à NBCUniversal ( NBCU ), na semana passada, os direitos de transmissão para os EUA dos Jogos Olímpicos, de Inverno e de Verão, a partir de 2021 e até 2032. O acordo, no valor de US$ 7,6 bilhões, vale para todas as plataformas de mídia, incluindo TV aberta e por assinatura, internet e celular.

Contempla ainda um bônus de US$ 100 milhões a ser utilizado para a promoção do Olimpismo e os valores olímpicos entre 2015 e 2020. Será que o Rio de Janeiro vai ficar com algum pedaço desse bolo?

Antes, em 2011, o COI já havia firmado um contrato com a mesma rede americana, de cerca de US$ 4,4 bilhões, pelos direitos dos Jogos Olímpicos de Inverno, realizados em fevereiro último, em Sochi, na Rússia, dos Jogos de 2016 no Rio e 2018 e 2020, cujas cidades anfitriãs não estavam ainda definidas. Depois, PyeongChang, na Coreia do Sul, e Tóquio, no Japão, foram selecionadas.

A entrada total de recursos nos cofres do COI é abundante, sendo a NBC apenas uma das inúmeras fontes. A entidade, que reúne 204 comitês olímpicos nacionais, parece ter o mundo ao seu alcance com os Jogos Olímpicos despertando interesses tão poderosos economicamente.

Voltando ao Rio, que se debate contra pressão internacional em consequência de atrasos nos preparativos para os Jogos-2016, boatos dão conta do risco de mudança da sede do evento.

Chegou-se a cogitar as opções de Londres ou Rússia para abrigar os Jogos numa numa eventual emergência. Uma autoridade do COI afirmou à agência inglesa de notícias Reuters que não há um pingo de verdade nessa polêmica.

Entretanto, recentemente, o COI montou um esquema para monitorar os trabalhos do Rio mais de perto, ratificando, de certa forma, o velho dito popular de que o olho do dono é que engorda a boiada. E, no caso, acrescento: cuida também para manter os bois vivos e em pé.

COMITÊS NO BANCO DOS RÉUS

Ação da funcionária Renata Santiago, reivindicando uma série de benefícios e horas extras do Comitê Rio 2016, corre na Justiça do Trabalho, no Rio, segundo revelou o jornalista Michel Castellar, no jornal Lance!. Renata e outros oito funcionários do comitê foram demitidos em setembro de 2012 sob suspeita de desvio de informações da Olimpíada de Londres, encerrada poucos dias antes.

O caso teve muita repercussão na época, sem que o comitê brasileiro apresentasse uma versão clara dos fatos. Além disso, houve demora para que a entidade se manifestasse sobre o episódio. A denúncia partiu dos organizadores dos Jogos londrinos, apontando violações em seu banco de dados, quando arquivos teriam sido baixados por brasileiros sem a devida autorização.

Renata alegou inocência e argumentou que todas as informações retiradas por ela tiveram a autorização e conhecimento tanto do Comitê de Londres como de seus superiores do Rio 2016. Nos Jogos ingleses, sua função era a de trabalhar no auxílio aos comitês olímpicos nacionais, atividade semelhante a que realizaria na edição brasileira.

Além do Comitê Rio 2016, a ação também é contra o Comitê Olímpico Brasileiro e contra o comitê do Pan Rio-2007, organizações nas quais ela atuou nos últimos 12 anos até estourar o escândalo de Londres.

EXPOSIÇÃO OLÍMPICA

Uma seleção de aproximadamente 2.000 itens da maior coleção privada do mundo –de mais de 70 mil artefatos esportivos– ficará exposta a partir da próxima terça-feira, em São Paulo. A exposição "Esporte Movimento", com peças pertencentes ao colecionador Roberto Gesta de Melo, se alongará até 20 de julho no espaço Caixa Cultural, na Praça da Sé, 111. O acesso é gratuito.

A mostra terá objetos relacionados aos Jogos Olímpicos, como selos, moedas, troféus, tochas, fotografias, vídeos e medalhas originais. Também estão programadas homenagens a diversos esportistas. Quarenta objetos, entre os quais uma tocha olímpica, poderão ser tocados pelos visitantes. A iniciativa tem como meta a inclusão de pessoas com problemas visuais na mostra.


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