Folha de S. Paulo


Homens do Felipão, Vadão e as mulheres

O futebol ganha fôlego no Brasil com a aproximação da Copa do Mundo, que tem o país como anfitrião, e faz aumentar a expectativa sobre quais serão os titulares do time, os homens do Felipão.

Discretamente, longe desses holofotes, outra seleção nacional, a feminina, dá o pontapé inicial na arrancada rumo ao Mundial do ano que vem, no Canadá. Oswaldo Alvarez, mais conhecido como Vadão, acaba de aceitar convite da CBF para assumir o posto de técnico da representação brasileira das mulheres.

Embora o primeiro alvo importante seja a Copa do Canadá, a tentativa da conquista do inédito título mundial, fica no ar também a segunda grande missão da equipe, certamente a mais relevante, a participação nos Jogos Olímpicos do Rio, um ano depois.

O desafio olímpico, em casa, contempla igualmente a esperança de o time arrebatar a primeira medalha de ouro da história da modalidade no evento, feito nunca alcançado por seleção nacional sequer no torneio masculino. Por isso, a chegada de Vadão na seleção feminina ganha relevância. Em setembro, a seleção participará da Copa América, no Equador.

A CBF não revelou nenhum motivo especial que teria pesado na escolha do novo técnico. O próprio treinador disse em entrevistas ser novidade gratificante estar à frente da seleção. Ressaltou, porém, que sempre acompanhou o futebol feminino. Foi ver a decisão da Copa do Brasil entre Ferroviária e São José, em São José dos Campos, recentemente. E gostou do nível das finalistas.

Se as mulheres nunca foram o forte de Vadão no futebol, em contrapartida, o seu currículo profissional aponta vasta experiência no comando de equipes masculinas.

Tem passagens por clubes importantes e de tradição no futebol brasileiro como o pernambucano Sport, Guarani, Ponte, Goiás, Bahia, Vitória, Atlético-PR, Mogi Mirim e São Paulo. No exterior trabalhou no Tokyo Verdy, do Japão. E participou ainda na revelação de jogadores famosos como Rivaldo, Kaká e Jadson, entre outros.

Em que pese os bons resultados da seleção nos últimos tempos –na Olimpíada foi prata em 2004 e 2008; no Mundial, bronze em 1999 e prata em 2007–, a expansão profissional do futebol feminino no Brasil não passou de promessas, sempre engavetadas.

Com a Olimpiada-2016, no Rio, Vadão no banco e a atacante Marta –eleita cinco vezes a melhor do mundo de 2006 a 2010, mas ainda em forma– e suas companheiras em campo, o futebol das moças tem a chance de dar um grande salto. Outro sonho?

NADANDO DE RÉ

Apesar dos pódios olímpicos e recordes de astros como Cesar Cielo, que encheram de brilho a natação brasileira nos últimos tempos, a modalidade caminha para trás. Essa conclusão tem como base o resultado dos dados publicados pelo experiente jornalista José Cruz em seu blog no UOL.

Segundo ele, o Troféu Maria Lenk, a principal competição nacional da modalidade, que está sendo disputada em São Paulo, registra queda no número de participantes pelo quarto ano consecutivo. Em 2010 foram 434 inscritos. Agora, 342. Uma revelação estarrecedora, levando-se em conta os volumosos recursos públicos investidos na modalidade e a alegada motivação pelo fato de a próxima Olimpíada estar programada para o Rio de Janeiro. O texto revela ainda que das 43 equipes inscritas, 19 vão disputar o Troféu com apenas um nadador! E somente oito revezamentos no masculino e sete no feminino estarão nas raias.

Pior ainda: praticamente 50% dos competidores (174 atletas) pertencem a apenas três equipes de dois estados: 75 do Pinheiros (SP), 57 do Corinthians (SP) e 42 do Minas Tênis (MG), segundo a CBDA, entidade responsável pela natação nacional, que é dirigida desde 1988 por Coaracy Nunes, atualmente no seu sexto mandato. Natação, acorda!


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