Folha de S. Paulo


Copa Davis, o Brasil no saque

Embalado até pouco tempo atrás pelo sucesso de Gustavo Kuerten, o Guga, etapa praticamente finalizada com a aposentadoria do atleta em 2008, o tênis brasileiro pula na atualidade como pipoca em panela com óleo quente.

Sem resultados expressivos no circuito profissional masculino, sinaliza com frágil expectativa de retorno aos "bons tempos" na Copa Davis, tradicional competição realizada anualmente. O time masculino do Brasil reconquistou no último final de semana, com vitória sobre o Equador, o direito de disputar os playoffs, a ponte para o Grupo Mundial, a divisão de elite da Davis.

A próxima etapa, no entanto, será complicada, mesmo com o Brasil jogando em casa. Vai enfrentar a Espanha de 12 a 14 de setembro, em local a ser definido. Rafael Nadal, o número 1 do mundo, já manifestou intenção de integrar a seleção espanhola.

Brasileiros e espanhóis estiveram frente-a-frente na Davis em sete oportunidades, sendo que em cinco delas os europeus levaram vantagem. No último confronto, em 1999, deu Brasil, com vitória de Guga sobre Carlos Moyá, na época figura de proa do ranking. Fernando Meligeni também estava no time nacional ao lado de Jaime Oncins e Márcio Carlsson. Além de Moyá, a Espanha tinha Alex Corretja, Felix Mantilla e Albert Costa.

Uma comparação entre o potencial do tênis dos dois países mostra números bem diferentes: a Espanha é terceira no ranking da Copa Davis e o Brasil, o vigésimo. Na tabela dos tenistas da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), 12 espanhóis aparecem entre os 100 mais destacados do mundo, enquanto o líder brasileiro é Thomaz Bellucci, no posto 105.

Foi com uma performance na Copa Davis, em 1996, que se abriram as cortinas para o Brasil na exuberante etapa da era Guga. Naquele ano, em São Paulo, a seleção nacional superou a Áustria e alcançou o Grupo Mundial. Coincidentemente, os adversários tinham como atração uma estrela do ranking mundial, Thomas Muster, especialista no saibro. Por causa dele, o Brasil escolheu quadra dura.

Um ano depois, Kuerten se converteu no único brasileiro a levantar o troféu de campeão de Roland Garros, um dos quatro principais torneios profissionais do calendário internacional. Chegou a ganhar aquela disputa em duas outras oportunidades.

Em 2000 assumiu o posto de primeiro do ranking, e o defendeu durante 43 semanas. Foi o auge de um brasileiro no mundo do tênis profissional, precedido apenas pelos êxitos de Maria Esther Bueno, principalmente, e de Thomaz Koch.

Aquela Copa Davis do então novato Guga funcionou, de certa forma, como um oásis no deserto para o tênis brasileiro. Na sequência, no entanto, o sucesso dentro da quadra acabou tropeçando no fraco e nebuloso desempenho da cartolagem da modalidade, repleto de denúncias de desvio de verbas, que persistem até hoje.

Entre uma acusação e outra, o tênis desperdiçou a chance do momento oportuno para evoluir, e andou para trás. Como se diz: não aproveitou para montar no cavalo que passou selado na sua porta.

A equipe feminina, por sua vez, ganhou o zonal americano da Fed Cup, versão da Davis para as mulheres, e também volta a jogar os playoffs de acesso ao Grupo Mundial 2 (o 1 reúne os oito times principais e o 2, os oito seguintes) após dez anos de ausência nessa vanguarda. Enfrenta o Canadá, nos próximos dias 19 e 20, em Catanduva, no interior paulista.

E, no gênero, festeja ainda, diferentemente do masculino na ATP, o fato de contar com uma representante, Teliana Pereira, entre as top 100 do ranking mundial da WTA (associação das mulheres), ocupando a 92ª. posição, barreira rompida após cerca de duas décadas. Apesar disso, a marca está bem distante do 31º. posto de Niége Dias em 1988, o ápice de uma representante nacional.

TIRO ANTIOLÍMPICO

Um segurança atirou para o alto para dispersar manifestantes, segundo informou a Polícia Militar. O absurdo aconteceu durante manifestação dos operários em greve em canteiro de obras do Parque Olímpico, no Rio, na segunda-feira.

A confusão envolveu trabalhadores e seguranças de empreiteira. Os trabalhadores reivindicavam aumento salarial, plano de saúde extensivo à família, hora extra de 100%, valor de tíquete de alimentação e programa de produtividade, entre outros pontos.

Faltando 850 dias para a abertura dos Jogos, o projeto olímpico parece seguir os passos do similar da Copa do Mundo, que também registrou greves de operários e enfrentou manifestações.

Recentemente, em 31 de março, a "prefeita da Olimpíada", a executiva Maria Silvia Bastos Marques, no cargo desde agosto de 2011, anunciou sua saída da direção da Empresa Olímpica Municipal, entidade encarregada no município pela organização dos Jogos de 2016.

O afastamento coincidiu com críticas de dirigentes do COI sobre o impasse na previsão orçamentária dos Jogos. Os governos federal, estadual e municipal e o Comitê Rio 2016, responsáveis pela organização dos Jogos, parecem receosos de tomar uma atitude sobre os gastos da Olimpíada e quem deve pagar as contas.


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