Folha de S. Paulo


Rei das medalhas

Hugo Hoyama, um dos atletas olímpicos mais experientes do Brasil, não vai mais jogar pela seleção brasileira de tênis de mesa e assume novo desafio no esporte. Pelo menos é o que ele deixa transparecer ao afirmar que, agora, como técnico da seleção brasileira feminina da modalidade, não tem como dividir seu tempo.

Ele é um obstinado pelo tênis de mesa, que vem praticando nos últimos 37 de seus 44 anos de vida. Começou cedo, aos 7, e serviu à seleção durante 26 anos. Por isso, há até quem não se arrisque a tomar como definitiva tal decisão, sendo eu um adepto dessa cautela. Prefiro aguardar mais tempo. É um passo que ele ensaia desde Pequim-2008, sempre acompanhado de recuos.

Segue defendendo o Palmeiras. Jogou no Campeonato Brasileiro, em Bento Gonçalves (RS), nesta semana. Seus planos também contemplam trabalhos para a divulgação do tênis de mesa, principalmente nas escolas.

As participações de Hoyama em Olimpíadas começaram em Barcelona-92 e seguiram até Londres, no ano passado, sem registros de classificações excepcionais. Porém as seis presenças nos Jogos se converteram em recorde brasileiro igualado apenas pelo velejador Lars Grael e pelo cavaleiro Rodrigo Pessoa.

Nos Jogos Pan-Americanos, a "Olimpíada das Américas", foi consagrado pela conquista de 15 medalhas, sendo dez de ouro, uma de prata e quatro de bronze. Indiscutivelmente, suas performances o converteram no mais destacado atleta da história do tênis de mesa nacional.

Nas campanhas olímpicas, Hoyama vai continuar ativo na função de técnico. Já traçou como meta a tentativa de colocar o time feminino entre os dez primeiros em 2016, no Rio. Pouco? Na verdade, um objetivo apenas aparentemente modesto, mas um grande passo para o esporte que, no feminino, ainda engatinha no Brasil.

Um alvo não impossível, apesar de improvável, muito difícil de ser atingido, uma aposta que talvez necessite de maior prazo para ser concretizada. A escalada será precedida por outro desafio, mais brando: uma medalha de ouro no Pan, em Toronto-2015, feito nunca alcançado pelas meninas do Brasil.

No masculino, embora o país não seja uma potência da modalidade e nem sequer tenha chegado perto do pódio olímpico, consegue mais destaque. Os registros de Hoyama, por exemplo, servem como parâmetro, dão uma ideia da diferença.

Na ponta da mesa e com a raquete na mão, ele mostrou ser do ramo. O passar do tempo, no entanto, aponta para a necessidade de mudança. Seguir atuando diretamente na modalidade faz sentido, aproveitando a experiência e os conhecimentos acumulados ao longo da carreira.

Hoyama reúne capacidades que podem contribuir na melhora de desempenhos, na competitividade, na evolução técnica. Com ele, o time feminino do Brasil pode se considerar no bom caminho. Se vai ou não vingar é outra história.


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