Folha de S. Paulo


Anderson Silva, 2016

O nocaute diante de Chris Weidman abre as portas para o brasileiro Anderson Silva tentar a realização do sonho de trocar a carreira profissional no MMA (artes marciais mistas) pela participação na Olimpíada de 2016, no Rio.

A hipótese não está sendo tirada da cartola, como um passe de mágica, mas foi levantada pelo próprio lutador em agosto do ano passado.

Embora ainda sob o clima dos Jogos Olímpicos de Londres, encerrados dias antes, o tom da fala do lutador ganhou espaço no noticiário.

Teria sido apenas factoide, jogada de marketing, do então campeão da categoria médio do UFC (Ultimate Fighting Championship, principal torneio de MMA) para valorizar os ganhos em futuras e derradeiras lutas? Ou mero blefe do atleta profissional, muito badalado pela mídia?

Chegou a hora da verdade. Notável campeão, Silva sofreu patética derrota, um nocaute depois de abaixar a guarda e, aparentemente prepotente, simular uma dança em frente do adversário.

Talvez, sentindo que estava diante de um vencedor, bem preparado e que dificilmente seria batido, tenha usado o artifício na tentativa fracassada de desequilibrar o rival.

Não só de vitórias sobrevive um campeão. Há momentos na carreira de um lutador nos quais uma derrota torna mais valorosas vitórias futuras ou multiplica incontáveis vezes o interesse por um tira-teima.

São tão espetaculares essas hipóteses, que, não raro, levantam teorias conspiratórias. E, desta vez, não foi diferente. Um site norte-americano divulgou que estaria sendo investigada uma aposta de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,3 milhões) em Weidman, o azarão.

Suspeitas de armação de resultados se tornaram rotina no mundo dos esportes, e nem mesmo o futebol escapa da rede de escândalos.

Logo após a derrota, Silva disse não pretender uma revanche, postura conflitante com a de promotores, já com sugestão de um novo duelo entre o Natal e o Ano-Novo, uma atração para o período. Outra ideia é lutar no ano que vem.

Como o ex-campeão do UFC poderia viabilizar um projeto olímpico sem a inclusão do MMA na Olimpíada? A proposta seria via taekwondo, esporte no qual Silva é faixa preta. Um caminho nebuloso, sem a certeza de sucesso.

Caso haja essa possibilidade, como ele se enquadraria no regulamento da nova modalidade, após ter atuado como profissional em outro esporte?

Além disso, teria de se submeter ao sacrifício para cumprir os ritos na obtenção da vaga olímpica.

Silva chegaria aos Jogos do Rio com 41 anos de idade, mas respaldado pelo sucesso nos octógonos.

Primordial seria ele definir se está disposto a abdicar de ganhos milionários, como a bolsa de aproximadamente R$ 1,4 milhão desta última luta, por um sonho, uma fantasia olímpica.


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