Folha de S. Paulo


Vaga olímpica

Como um grande shopping na operação de seus negócios, o COI (Comitê Olímpico Internacional) busca vitrines suntuosas na exploração do mundo do esportes. Uma mostra disso foi a atitude do seu Comitê-Executivo na última quarta-feira, quando, entre oito concorrentes, decidiu que a vaga restante das modalidades do programa da Olimpíada de 2020 seja definida entre beisebol/softbol, luta e squash.

Por que dar nova chance ao beisebol? Simplesmente, uma isca para atrair o interesse dos atletas da MLB, a milionária liga profissional dos EUA, em que atuam os mais destacados jogadores do planeta. Esse é o grande desafio da modalidade para a reconquista da vaga, uma vez que a temporada da liga coincide com o período dos Jogos.

No esforço em voltar à Olimpíada, que disputaram até Pequim-08 --o beisebol desde Barcelona-92 e o softbol desde Atlanta-96--, as federações internacionais desses esportes se uniram, apoiadas pelo COI. A estratégia foi deixar o beisebol com o masculino e o softbol (versão mais light da modalidade) com o feminino, acomodando assim duas disciplinas numa só vaga.

Evento centenário, cuja primeira edição foi realizada em 1896, os Jogos Olímpicos da Era Moderna vetavam, com rigor, a participação de atletas profissionais, mas essa política começou a mudar há cerca de três décadas.

Esportes altamente profissionalizados como futebol, tênis e basquete passaram a exibir seus astros na Olimpíada, quando antes eram representados só por amadores.

O ponto alto foi Barcelona-92, que teve como atração o Dream Team (time dos sonhos), a seleção dos EUA integrada pelos astros da NBA.

O boxe também trabalha um novo caminho para viabilizar a inclusão de profissionais na Olimpíada. Chancela atletas remunerados da WSB (World Series Boxing), saída encontrada para driblar as organizações, e empresários, que controlam o profissionalismo na modalidade e barram qualquer projeto olímpico para os seus lutadores.

Na verdade, dos três esportes que disputam a vaga, o squash (praticado com raquetes, em quadra fechada, com os atletas alternando jogadas numa parede frontal) é o único que surge como novidade, pois nunca esteve no cenário olímpico.

Já a luta (greco-romana e livre), presente desde a primeira edição dos Jogos e que ficou fora apenas uma vez, continua garantida até 2016, no Rio de Janeiro, mas, em votação recente do COI, foi alijada de 2020. Reagiu ao golpe, contando com o apoio de federações de outros esportes.

O martelo sobre a modalidade que ocupará a vaga será batido em setembro, após uma primeira votação, que deverá ratificar ou não os 25 esportes que o COI considera importantes.

Aí pode estar a caixinha de surpresas, com vetos inesperados.


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