Folha de S. Paulo


O desafio dos grandes eventos

Diante das imagens do atentado ocorrido na altura da linha de chegada da Maratona de Boston, que resultou em três mortos e mais de uma centena de feridos, desponta uma leve apreensão com a aproximação da Copa das Confederações, da Copa-2014 e da Olimpíada-2016.

Será que o Brasil se prepara adequadamente para garantir a segurança nos eventos? Impossível responder. Como não sou especialista no assunto, resta confiar nas autoridades de plantão. Um consolo.

Um plano de segurança deve contemplar toda e qualquer hipótese de risco de insegurança, e muita inteligência. Se algum mínimo detalhe do esquema é revelado ou desprezado, certamente a segurança não é boa. Imagino que exibições de força, como sobrevoo de aviões e helicópteros e soldados e tanques enfeitando ruas, não resolvem nada, embora provoquem sensação de segurança.

Organizadores de grandes eventos esportivos tratam a questão da segurança com muito zelo. É área vital. O Brasil criou a Sesge (Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos), que funciona no âmbito do Ministério da Justiça, para coordenar as ações que envolvem as forças de segurança das esferas federal, estadual e municipal.

Aliás, essa integração entre as polícias é um aspecto positivo. Para os três eventos citados, a Sesge tem orçamento de R$ 1,17 bilhão.

As Forças Armadas investem outros R$ 700 milhões. Já ocorre intercâmbio e troca de informações com inúmeros países, especialmente com aqueles que viveram experiências semelhantes recentemente.

Ano passado, o esquema de segurança foi a pedra no sapato dos organizadores da Olimpíada de Londres, que não registrou incidentes.

Entretanto, a três dias da abertura dos Jogos, houve necessidade da mobilização de 1.200 soldados (outros 3.500 já estavam em ação) para reforçar o esquema de segurança no maior evento naquele país desde a Segunda Guerra Mundial.

A empresa privada que forneceria 10,4 mil seguranças não cumprira a promessa. Desde o anúncio, em 7 de julho de 2005, de que a cidade sediaria os Jogos em 2012, a segurança passou a ser o grande desafio de Londres, que sofrera uma série de ataques à sua rede de transporte público, com mortes.

Mas o pior dia da história dos Jogos Olímpicos, certamente, foi o sangrento 5 de setembro de Munique-1972, marcado pela ação armada do grupo terrorista Setembro Negro contra a delegação de Israel na Vila Olímpica. Saldo final: 17 mortos, 11 deles israelenses.

Vinte e quatro anos depois, a Olimpíada de Atlanta enfrentou um atentado com bomba no Centennial Olympic Park, que matou duas pessoas e feriu dezenas de outras. De lá pra cá, os Jogos vêm transcorrendo sem incidentes, sem dias tristes como os de Munique e Atlanta, e agora o da Maratona de Boston.


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