Folha de S. Paulo


O novo rumo do boxe

Depois de um período de folga, os irmãos Falcão, Esquiva e Yamaguchi, medalhistas no boxe em Londres-2012, buscam recuperar a forma para a tentativa de alcançar novas glórias, e dinheiro também, no pugilismo profissional, que almejam. A dupla assinou contrato para atuar na WSB (World Series Boxing), entidade que conta com a chancela da Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador).

É a saída que qualquer pugilista encontra para buscar a independência financeira sem risco de impedimento à participação na Rio-2016.

Essa nova política procura fortalecer o poder da Aiba, que, imediatamente após cada Olimpíada, costuma perder suas estrelas para os empresários e as organizações que controlam o boxe profissional, especialmente o Conselho Mundial de Boxe. Os interesses da carreira profissional de um pugilista funcionam sob a batuta dos empresários. Daí, a barreira para que um lutador com contrato assinado tenha disponibilidade para um projeto olímpico.

Assim, exceto via WSB, o boxe é o único dos esportes do programa olímpico que continua com as portas fechadas aos profissionais.

Diferentemente, por exemplo, entre outros, do tênis, do futebol e do basquete, representados nos Jogos por craques com contratos milionários. Esse espírito ficou sedimentado a partir de Barcelona-92, com a projeção do Dream Team (o Time dos Sonhos), a seleção de basquete dos EUA, integrada pelo astros da NBA, a poderosa liga da América do Norte. No futebol, que limita a participação de apenas três atletas com mais de 23 anos, o número de estrelas acaba restrito na Olimpíada, mas a simples presença de profissionais nos times torna as disputas mais atraentes.

Nos Jogos de Londres, o Brasil foi ao pódio 17 vezes, três delas com o boxe --prata com Esquiva Falcão, e bronze com Yamaguchi e Adriana Araújo. Uma campanha muito elogiada, e salto de qualidade, pois quebrou o jejum que resistia desde o México-1968, onde ganhara sua solitária medalha olímpica, de bronze, com Servílio de Oliveira.

A modalidade virou atração. O pódio de Adriana coincidiu com a estreia do torneio feminino em Londres, uma vez que o boxe era o único esporte que continuava sem disputa olímpica no gênero.

Daqui a três anos, competindo em casa, o COB almeja alcançar entre 27 e 32 medalhas e entrar para o grupo dos 10 principais países medalhistas dos Jogos. Aposta principalmente no atletismo, vela, natação, judô, vôlei e vôlei de praia, esportes classificados como vitais, com tradição em pódios, enquanto o boxe figura num segundo grupo, apontado como potencial.

O sucesso londrino trouxe alento ao boxe, que mantém seu time em treinamento permanente.

Em outubro, no Mundial de Baku, no Casaquistão, tem o desafio de manter essa chama acesa.


Endereço da página: