Folha de S. Paulo


Resgate da história olímpica

Como a Olimpíada do Rio, em 2016, está cada vez mais perto, sem que se observe no Brasil quaisquer mudanças na prática de esportes, massificação e formação de atletas de alto rendimento, ponderei na última coluna que, na contramão desse quadro, o resgate da memória do esporte brasileiro deve provocar ruído.

Volto ao tema para reforçar que, na verdade, já dá o que falar nesse sentido o projeto de documentários Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, patrocinado pela Petrobras. Sob o feliz slogan "O Brasil não pode perder o que já ganhou", a iniciativa contribui para o desenvolvimento de um acervo audiovisual importante sobre o esporte.

Quem se recorda, por exemplo, dos saltos de Adhemar Ferreira da Silva, ouro no triplo em Helsinque-52 e Melbourne-56? Ou mesmo de atletas sem medalha olímpica, como o mesatenista Cláudio Kano, mas que tiveram projeção internacional? E da frustação nacional com o curioso refugo do cavalo Baloubet em Sydney-2000?

Já participam do projeto mais de duas dezenas de cineastas, entre eles, famosos como Ugo Giorgetti, Cacá Diegues, Flora Diegues, Silvio Tendler e Laís Bodanzky.

A iniciativa merece elogios, independentemente de as produções apresentarem resultados desiguais, pois muitos dos personagens não estão mais por aqui e a disponibilidade de imagens não ser equilibrada, favorecendo alguns episódios.

A proposta é que se tenha pelo menos 50 filmes até 2016, produzidos por meio de seleção pública, aberta a qualquer produtora. Ela contempla ainda mostras específicas e exibição na TV e em escolas públicas de todo o país. Dez documentários foram ao ar no ano passado, pela ESPN Brasil.

O Cine Olido, o Reserva Cultural e todos os CEUs tiveram mostras, segundo Daniela Greeb, presidente do Instituto de Políticas Relacionais, que está à frente do projeto, entidade da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Em 2013, outros nove serão lançados. Além disso, a Record News exibe, neste ano, os dez primeiros. "Os documentários também servem de base para VTs mais curtos, veiculados no "Esporte Fantástico" [TV Record], acrescidos de novos depoimentos e divididos em episódios. Assim foi possível encaixar na programação", afirmou Adalberto Leister Filho, jornalista da emissora.

Em resumo, embora tenha conquistado o direito de organizar a Olimpíada-2016, o Brasil mostra carência de memória esportiva, dos seus atletas, das suas epopeias.

No total, o país conquistou 108 medalhas (23 de ouro, 30 de prata e 55 de bronze) nas suas participações em 21 Jogos Olímpicos. Mas para o jornalista José Trajano, outro dos idealizadores do projeto, a grande vitória do esporte brasileiro não está nas medalhas, mas no resgate da sua história e de seus protagonistas. Absolutamente correto.


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