Folha de S. Paulo


Reforço olímpico

O comitê organizador da Olimpíada-2016 já trabalha sob a batuta do novo diretor geral, Sidney Levy, que o órgão foi buscar na iniciativa privada, fora da área esportiva.

Abaixo apenas do presidente Carlos Arthur Nuzman na linha de comando, e acima de Leonardo Gryner, diretor-geral de operações, ele já revelou um ponto de vista que se choca com o conceito vigente nas entidades esportivas nacionais: é favorável à divulgação dos salários dos integrantes destas instituições.

É bem-vindo. Difícil será convencer os pares da cúpula da organização a adotarem tal procedimento, saudável, inspirador de confiança. Por telefone, Levy, 56, carioca, me disse ter aceitado o convite de Nuzman em cinco minutos. Gosta de regras de transparência, pretende discutir um pacote delas, pois quer a sociedade a favor dos Jogos. "É ponto de maturidade fazer essa demonstração. Nada a esconder."

Além da diretoria-geral de operações, ele vai cuidar de assuntos corporativos, recursos humanos, suprimentos, jurídico, planejamento e relações institucionais. Gryner fica com as negociações de contratos e a parte esportiva.

O organograma do comando do Comitê Rio 2016 apresenta 26 postos, 22 ocupados por homens e quatro por mulheres. No momento, há cerca de 400 funcionários contratados, número que deve crescer, superar 4.000. Em 2016, a organização deverá contar com mais de 100 mil integrantes, levando-se em conta estimativas de 35 mil terceirizados e 70 mil voluntários.

Os incontáveis desdobramentos das demandas dos Jogos levaram o Comitê Olímpico Internacional e o Comitê Rio 2016 ao diagnóstico da necessidade de um executivo consagrado da iniciativa privada na liderança da organização.

Na verdade, trata-se de um repeteco de Londres-2012, quando função equivalente foi exercida por Paul Deighton, famoso como banqueiro do Goldman Sachs, e, depois, apontado como o imã dos investimentos para o projeto inglês, liderado pelo ex-atleta Sebastian Coe.

O currículo de Levy registra formação em engenharia de produção pela UFRJ, com especialização em administração pelo International Institute for Management Development em Lausanne, na Suíça.

Ocupou o cargo de presidente da Valid S.A. de 1994 até 2011, quando passou à presidência do Conselho de Administração. A empresa atua principalmente no segmento de fabricação e desenvolvimento de tecnologia para cartões de crédito e débito e compras digitais. Foi presidente da DLR Lerchundi na Espanha. Trabalhou na Thomas de La Rue no Brasil e na Inglaterra.

Foi presidente da Câmara Americana de Comércio do Rio de Janeiro.

Em maio, no entanto, é que Levy terá o primeiro teste para valer: o anúncio do orçamento refeito, e atualizado, dos Jogos. E colocará na mesa a conta da festa.


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