Folha de S. Paulo


Descobertas de 2015

Em ciência, há histórias que se destacam por causar curiosidade ou estranheza. O editor da versão on-line da "Science", David Grimm, selecionou as que provocaram o maior número de comentários no site da revista em 2015. Em ordem decrescente, as cinco mais populares foram:

5) As línguas mais influentes do mundo

Shahar Ronen e colaboradores do MIT desenvolveram um programa capaz de criar mapas para identificar como transmitir informações e ideias em outras línguas.

Para tanto, construíram três redes globais baseadas em 17 milhões de tuiteiros bilíngues, 2,2 milhões de livros traduzidos e edições multilíngues da Wikipedia.

Línguas faladas por grandes massas populacionais, como mandarim, hindi e árabe, estão relativamente isoladas nas redes.

Concluíram que se você pretende ter suas ideias disseminadas pelo mundo, deve difundi-las em inglês. Como segunda língua, é melhor escolher o espanhol do que o chinês.

4) Cromossomo lesado cura doença imunológica

Na década de 1960, foi descrito o caso de uma menina de nove anos que apresentava infecções oportunistas, verrugas espalhadas pelo corpo, baixa produção de anticorpos e alterações na função da medula óssea. Batizada de WHIM, essa doença está associada a cicatrizes pulmonares e perda de audição, entre outros problemas, na vida adulta.

Em 2003, a enfermidade foi ligada ao gene CXCR4. Os pacientes apresentam uma cópia de CXCR4 normal e outra alterada.

Hoje com 59 anos, essa primeira paciente não tem novas verrugas nem processos infecciosos desde os 30 anos.

A análise de seus cromossomos mostrou que uma das cópias do cromossomo 2 estava 15% mais curta do que a outra. A parte perdida por acaso continha justamente o gene CXCR4 defeituoso. Chamado de cromotripsia, esse fenômeno permitirá desarmar em laboratório genes deletérios e devolver as células tratadas para os portadores de doenças genéticas como a anemia falciforme.

3) Planta africana indica a presença de diamantes no subsolo

Na tradição dos mineiros, certas plantas assinalam a presença de metais no subsolo. Por exemplo, Lychnis alpina, pequena planta com flores cor de rosa da Escandinávia, e Haumaniastrum katangenese, arbusto de flores brancas na África Central, têm sido associadas a depósitos de cobre, por serem tolerantes a solos com altas concentrações do metal.

Uma palmeira com espinhos no tronco, que atinge dez metros de altura, identificada como Pandanus candelabrum, é a primeira capaz de acusar a existência de diamantes.

2) O monstro alado da caverna

Criacionistas americanos que ainda hoje estimam em 6 a 10 mil anos a idade da Terra (em vez dos 4 bilhões) insistem que seres humanos conviveram com os dinossauros.

Um dos argumentos apresentados é o desenho de um animal alado que lembra um pterossauro, gravado nas paredes de uma caverna pré-histórica no Estado de Utah.

Com câmeras e computadores com sensibilidade para ressaltar os pigmentos originais da pintura, invisíveis a olho nu, e técnicas de fluorescência por raio-X, pesquisadores demonstraram que o "monstro" não passa de uma composição de cinco figuras: duas com aspecto humano e três com formas de animais, que incluem uma serpente com chifres.

Essas imagens foram pintadas de 2 mil a 4 mil anos atrás, 66 milhões de anos depois da extinção dos dinossauros.

1) Quanto tempo levaria para cair do outro lado da Terra

Imagine um túnel que atravessasse a Terra. Se fosse possível, quanto tempo você levaria para sair no Japão?

Essa pergunta clássica feita aos estudantes de física admitia como resposta correta o tempo de 42 minutos e 12 segundos.

Para respondê-la, o estudante assume que a Terra é uma bola de bilhar com a mesma densidade em qualquer ponto. Ao descer pelo túnel, a força gravitacional varia de acordo com a distância do centro, porque a massa da Terra abaixo do corpo em queda diminui, enquanto a que está acima não exerce mais efeito.

Alexander Klotz, da Universidade McGill, partiu do princípio de que a densidade da Terra aumenta à medida que nos aproximamos do centro. Refez os cálculos e estimou que um objeto levaria 38 minutos e 11 segundos para atravessá-la, quatro minutos menos do que as previsões anteriores.


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