Folha de S. Paulo


Gordini, o feiticeiro dos motores

Oscar Vila Espejo, 61 anos, comandante de aeronaves, é um apreciador de Renaults antigos. Importou da França seu R8, ano 1972, e o restaurou inteiro.

Já seria raro avistar um R8, com seu capô vincado para baixo, quatro portas, motor traseiro refrigerado a água e freio a disco nas quatro rodas. Ainda mais esse, um R8 Gordini. Esse sobrenome faz toda diferença.

Amédée Gordini foi um italiano naturalizado francês, órfão de pai e mãe que foi conduzido pelas instituições a trabalhar em uma oficina mecânica Fiat.

Por obra do destino, nessa oficina, um dos instrutores era Edoardo Weber, famoso por seus carburadores.

Gordini trabalhou também na Isotta Fraschini, para o engenheiro Alfieri Maserati, que mais tarde fundou a famosa empresa de carros esporte.

Mas foi quando trabalhou na Hispano-Suiza, que tinha uma filial em Paris, que tudo mudou.

Ficou encantado pela cidade, casou e se mudou para lá abrindo uma pequena oficina preparadora para carros de corrida. Mudou seu nome, do italiano Amadeo Gordini, para o francês, Amédée Gordini.

Na França, conheceu o dono da Simca, Henri Pigozzi, e passou a preparar os carros da marca para corridas. Ele conseguia dobrar a potência dos carros retrabalhando o cabeçote e adicionando os Weber duplos.

Foi apelidado de "o feiticeiro".

Os carros azuis, cor oficial dos Simca-Gordini, ganharam a 24 horas de Spa-Francorchamps, o GP de Marselha e mais centenas de outras provas.

Entre seus pilotos estava nada menos que Juan Manuel Fangio.

Gordini foi então convidado pela Renault para preparar os Dauphines para os ralis na Europa e, depois, seu sucessor, o R8.

Oscar é dono do R8 Gordini ao lado. Usa o carro para aquilo que foi projetado: já competiu em oito provas de autos clássicos junto de Cecilia Satomi Kondo, sua mulher e navegadora.


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