Carro antigo é uma encrenca. Qual o sentido de continuar usando tecnologia ultrapassada?
Que masoquismo dirigir algo tão frágil, onde tudo é tão velho que se autodestrói, esfarela só de estar ao sol e apodrece na chuva.
Geralmente faltam itens de conforto em um carro antigo. Ar-condicionado, travas, vidros e espelhos elétricos são raros. Rádio com bluetooth e câmera de ré estragam a originalidade.
À noite, você quer faróis que funcionem. Em uma tempestade, limpadores que sejam eficientes. Mas nem sempre você tem isso em um carro antigo.
Desde a dobradiça do porta-luvas até um pistão no motor, qualquer componente em um carro antigo pode falhar. Estão sendo exigidos há décadas. Quando menos se espera, a peça quebra e te deixa na rua à espera de um guincho.
O reparo pode ser complicado, algumas peças são difíceis de se encontrar. Às vezes, impossíveis.
Se o defeito for pequeno, ele fica em último na fila das prioridades. Você aceita conviver com uma porta que só abre com jeitinho, uma luz que não acende, um instrumento que não marca nada.
Carros antigos poluem e bebem mais. São mais perigosos em um acidente.
Então, por que suar para fazer uma baliza com a direção pesada? Chegar cheirando a gasolina? Enfim, por que ter um automóvel antigo?
Daniel Athie, 36 anos, publicitário, há alguns meses comprou seu primeiro carro clássico, um Ford Mustang 1965. Já ficou várias vezes na rua. Gastou uma fortuna refazendo elétrica, suspensão, arrefecimento, freios e direção. Ainda faltam funilaria e tapeçaria.
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| O publicitário Daniel Athie, 36, e seu Ford Mustang 1965 |
Mas Athie não se arrepende de nada.
"Carro antigo dá trabalho, não vem pronto. Tem que caçar peças, esperar o conserto e resolver os problemas. Faz de qualquer passeio uma conquista", diz.
Para andar de carro antigo é preciso merecer, é a realização de um sonho. E como tudo na vida, não vem fácil.