Folha de S. Paulo


O Hofstetter e a faculdade

O empresário Mario Richard Hofstetter, 57, está preocupado. Indeciso, tenta escolher o primeiro carro para seu filho, que em breve entrará na faculdade.

No seu tempo, era diferente. Quando tinha 17 anos, em 1973, Hofstetter decidiu construir seu próprio automóvel.
Inspirado nas linhas retas do Alfa Romeo Carabo e do Maserati Boomerang, ele desenhou e moldou em fibra de vidro uma carroceria a seu gosto, com direito a portas asas de gaivota que seguiam o estilo do Mercedes-Benz 300SL.

Durante sete anos, Hofstetter trabalhou até tarde no carro, como um hobby. Desenhou as rodas, soldou chassis, fez os moldes para a fibra. Arrumou um motor de Cosworth-Hart de um Fórmula 2 e um câmbio Hewland. Após a instalação, o conjunto acabou não funcionando para rua, pois trabalhava a elevados 12 mil giros.

Mas o protótipo atraía tantos potenciais compradores que fez parecer que seria viável fabricá-lo.

Com chassis próprio (tubular em formato de espinha dorsal), o carro recebeu então um motor Volkswagen AP 1.8, com turbo e 150 cv. Isso fazia o esportivo passar dos 200 km/h.

O carro tinha painel digital, ar-condicionado (obrigatório devido à falta de janelas), um exaustor que era ligado ao se puxar o cinzeiro, faróis escamoteáveis e portas com acionamento por botão.

Foi o maior sucesso de mídia do Salão do Automóvel de 1984. Havia fila para ver o carro, que ofuscou lançamentos de montadoras maiores.

Em dois anos, começou a fabricação em um galpão na Vila Olímpia (zona oeste de São Paulo). Os custos, no entanto, eram muito altos: o carro era vendido por cerca de US$ 70 mil. Foram fabricadas apenas 18 unidades até 1991.

Hofstetter não se arrepende de nada, pois aprendeu muito fazendo seu carro. Seu pai brincava que, se tivesse pago uma universidade lá fora, teria saído mais caro -e o filho não teria adquirido tanto conhecimento.

Divulgação
Mario e seu Hofstetter, o supercarro brasileiro dos anos 1980
Mario e seu Hofstetter, o supercarro brasileiro dos anos 1980

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