Folha de S. Paulo


Primeiro encontro

O fim de tarde estava bonito, e o bancário Henrique Mendonça, 32, resolveu dar uma volta com seu BMW 2002ti 1970.

Parou para tirar umas fotos do carro no "Beco do Batman", rua na Vila Madalena famosa por ser toda grafitada.

Esse BMW foi do seu pai, James Mendonça, na década de 1980. Acabou sendo vendido em 1991 para um colecionador, em Araxá (MG). O arrependimento bateu, e o carro foi recomprado alguns anos depois.

Enquanto buscava os melhores ângulos com sua câmera digital, Henrique viu uma garota bonita e moderna aproximar-se. Ela também fotografava, usando uma câmera analógica.

A garota desviou o foco do grafite e passou a tirar fotos do carro, e Henrique passou a tirar fotos da garota.

Ele puxou um papo sobre seu BMW antigo e a câmera retrô que ela usava. Assim, descolou um cartão da garota e a promessa de que, quando revelasse as fotos do carro, as mandaria. No cartão estava escrito Elô Kyrmse. "Que nome interessante", pensou Henrique.

Ele esperou estrategicamente por dois dias e enviou um email perguntando pelas fotos. Também aproveitou e convidou Elô para um café.

A resposta foi um educado "sou comprometida". Ela também disse que as fotos não ficaram boas.

O banho de água fria só deixou Henrique mais feliz por ter descoberto outra qualidade da garota, a fidelidade.

Três anos se passaram sem nenhum contato. Henrique postou a foto dela ao lado do BMW no Instagram e a marcou.

Foi um tiro no escuro, que encontrou Elô solteira. A resposta veio em uma mensagem no Facebook: "Agora topo nosso café". O encontro deu certo, e engrenaram um namoro.

Segundo Henrique, não foi o BMW com bancos Recaro de Porsche RS, spoiler Alpina e o câmbio Getrag dogleg que uniu o casal.

Foi a fotografia. No dia em que se conheceram, tiraram fotos um do outro. A foto de Elô, afinal, havia ficado boa.

Arquivo pessoal
Henrique Mendonça e Elô Kyrmse com o BMW 2002ti 1970
Henrique Mendonça e Elô Kyrmse com o BMW 2002ti 1970

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