Folha de S. Paulo


Peruas em extinção

Os fabricantes podem chamar de Station Wagon, Variant, Weekend, Shooting Break, Touring ou Avant, mas, aqui no Brasil, esse tipo de carroceria é conhecida mesmo como perua. E ninguém sabe ao certo o porquê desse nome.

Chamar o carro de fêmea do peru é, no mínimo, esdrúxulo. A relação estaria na traseira alongada? Além de machista, o uso da palavra no feminino estaria incorreto. Só o macho, assim como o pavão, possui cauda exuberante.

Ou o nome vem de uma relação com a mulher "perua"? Injusto também tachar o carro assim. Nunca ouvi uma explicação razoável. O que sabemos é que a popularidade dessa carroceria vem diminuindo.

As peruas perderam a preferência entre os carros de uso familiar para os SUVs. Muitos fabricantes estão simplesmente desistindo de fabricá-las. Temos, como exemplo, as extintas Toyota Fielder e a Renault Mégane Grand Tour.

Luis Hartmann, "headhunter" (caça-talentos) de 40 anos, não resistiu quando viu a Mercedes 300 TD Turbo 1981 sendo leiloada em Araxá (MG). Apaixonou-se pelo barulho de trator do motor diesel de cinco cilindros em linha.

Hartmann comprou a perua de um senhor que a usou diariamente por 20 anos, fazendo até viagens para Argentina e Uruguai.

Hoje, o carro tem cerca de 300 mil quilômetros rodados, provando a durabilidade desse modelo e sua fama de "tanque de guerra".

A 300 TD foi a primeira perua fabricada pela Mercedes. Esse tipo de carroceria sempre existiu, mas eram conversões fora da fábrica. John Lennon (1940-1980) dirigia uma, e levava seus equipamentos musicais nela. Foi seu último carro de uso pessoal.

Hartmann usa o carro pelo menos uma vez por semana. Às vezes, vai à praia com ele. Além de econômico, o carro tem assentos extras voltados para trás no porta-malas, diversão garantida nos passeios com a criançada.


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